Awake, Harold Brodkey & Fiona Apple

O mês de Setembro representa renovação e regresso à vida ativa para a maioria das pessoas. 
Deixo a sugestão de um filme, um livro e um disco que considero muito inspiradores e impulsionadores de transformação.



Filme: "Awake" (2021)_ Realizado por Mark Raso, este é um thriller de fição científica apocalíptica, lançado a 9 de Junho deste ano na plataforma Netflix. 
É estrelado por Gina Rodriguez, uma atriz de que cujo trabalho sou absolutamente fã desde que a vi pela primeira vez na série televisiva "Jane the virgin" (2014-2019) e conta ainda com os brilhantes desempenhos de Jennifer Jason Leigh e de Adriana Greenblatt. 
Conta-nos a história de Jill Adams, uma ex militar com um passado turbulento de dependência química, num mundo à beira da catástrofe, em que após um corte de eletricidade, as pessoas deixam de conseguir dormir. Jill tenta proteger os seus dois filhos, Noah e a pequena Matilda, desta assustadora realidade, o que se revela cada vez mais complicado uma vez que Matilda, parece ser o único ser humano capaz de adormecer.
"Awake" é um filme que vê numa vertigem de caos comunitário e à medida que as capacidades cognitivas e de tomada de decisões de todos se começam a deteriorar, torcemos para que as personagens consigam ter o melhor destino possível. Uma boa película.



Livro: "Primeiro amor e outras mágoas" (1958) de Harold Brodkey_ Já tinha saudades de ler um livro de contos que realmente envolvesse a minha atenção e este pequeno volume do escritor norte-americano Harold Brodkey (1930-1996) fez as minhas delícias.
A compilação, que apareceu pela primeira vez nas publicações The New Yorker e Mademoiselle, foi a primeira obra que o autor publicou e é composta por nove contos, todos eles de leitura muito agradável.
Brodkey tem uma maneira única de contar histórias, de inserir detalhes acutilantes e de descrever o ambiente exterior e paisagem interior das personagens. Não podemos evitar sentirmos carinho e empatia por elas, preocupando-nos com o que lhes acontece.
Marcou-me muito a Dodie do conto que dá título ao livro, a Caroline de "Educação sentimental" e a Laura dos cinco contos restantes. Revi-me nas pressões, preocupações e ansiedades delas e acho que Harold Brodkey tinha uma sensibilidade e inteligência extraordinária para perceber o ponto de vista feminino numa sociedade ainda profundamente patriarcal.
Um livro que devia ser de leitura obrigatória.



Música: Fiona Apple "Fetch the bolt cutters" (2020)_ A cantora e compositora Fiona Apple é um nome consensual no mundo da música pelo seu enorme talento. "Fetch the bolt cutters" é o quinto álbum de estúdio com que a artista nova iorquina nos presenteia e o seu título (peguem nos alicates em tradução livre) alude ao tema de usar as ferramentas ao nosso dispor para explorar a nossa própria libertação.
Coproduzido pela própria Fiona, tem uma sonoridade muito crua e genuína, com uma qualidade inegável, que consiste por vezes de gravações improvisadas e sons de percussão pouco usuais.
O GarageBand foi um dos programas de que Fiona se serviu para fazer "Fetch the bolt cutters" e não teve medo de experimentar e de correr riscos, de subverter as estruturas tradicionais da música pop, usando instrumentos convencionais como piano e bateria mas sempre ousando nos ritmos e melodias.
O disco foi recebido calorosamente pela crítica (tendo vencido dois prémios Grammy de melhor álbum alternativo e melhor performance rock) e pelo público, estreando em quarto lugar na tabela Billboard 200.
É mais importante do que nunca falarmos de emancipação face à opressão, de superação de situações abusivas e de como melhorar os nossos relacionamentos.
Destaque para as músicas "I want you to love me", "Fetch the bolt cutters", "Under the table", "Rack of hits" e "Newspaper".
Considero "Fetch the bolt cutters um trabalho imperdível".

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