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A mostrar mensagens de setembro, 2016

A idade decisiva

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Meg Jay é uma psicóloga doutorada norte-americana que no seu livro "A idade decisiva" fala sobre o delicado e interessante período de tempo que vai dos vinte aos trinta anos. Especialista na área e a partir da sua experiência clínica com uma vasta gama de jovens, Jay defende que os vinte e poucos é uma fase privilegiada e importantíssima de desenvolvimento humano, que deve ser reivindicada como tal.  Na opinião desta psicóloga clínica, os trinta não são os novos vinte e é nesta última década que se começam assentar as pedras que servirão como pilares para o futuro no que se refere ao trabalho, amor, personalidade, entre outros. Em termos neurológicos, o lobo frontal do cérebro é o último dos seus constituintes a assumir a sua forma definitiva no processo de mielinização, o que acontece entre os vinte e os trinta anos e  nos mostra que esta idade de entrada na vida adulta favorece particularmente novas aprendizagens. No entanto, o  cérebro não deixa de ser dotado de pl

Regarding Susan Sontag

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Neste documentário do canal HBO de 2014 dirigido por Nancy Kates é apresentada a figura venerada e por vezes altamente controversa da escritora, professora, realizadora e activista política norte-americana Susan Sontag (1933- 2004). O documentário abre com um depoimento da intelectual em que esta afirma estar profundamente feliz de estar viva, expressando todo o seu contentamento por este facto. De origem judaica, a história familiar de Susan é conturbada o seu relacionamento com a mãe tido como distante, pelo que esta se torna leitora voraz desde tenra idade, encontrando nos livros o refúgio perfeito.  A juventude de Sontag foi marcada por acontecimentos um tanto precoces: aos 15 anos matricula-se na Universidade da California, Berkeley pedindo posteriormente transferência para a Universidade de Chicago, aos 17 casou-se com Philip Rieff e aos 19 dá à luz o primeiro e único filho, David. Academicamente Susan estudou História Antiga, Literatura e Filosofia. Faz o mestrado nesta

Do Outono e do sofrimento

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O Outono chega e com ele renovam-se as esperanças de poder recomeçar, de realizar sonhos e viver momentos especiais e que façam a diferença. As roupas leves dão lugar a trajes mais quentes para enfrentar o frio que já se faz sentir, as folhas das árvores nos seus tons castanhos já assomam nos passeios, como uma metáfora das transformações que passamos diariamente. A cada dia, as células do nosso corpo modificam-se, os nossos fios de cabelo caem, novos valores substituem os antigos. Muitas vezes nem sempre o tempo passado é sinónimo de aprendizagem e de maior inteligência apesar de tendencialmente o acumular de mais experiências nos prepare melhor para enfrentar tempos mais agrestes e duros. Neste mês de Prevenção do Suicídio devemos manter nas nossas mentes as pessoas que estão a sofrer quer pela fome, a guerra, por terem perdido um ente querido, pelas derrotas da vida ou porque um qualquer inferno se instalou nas suas mentes, aprisionando-as numa espiral de pensamentos destr

Webinário "Encore: Metáforas inspiradoras para coaches e treinadores" com Alexandra Lemos

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Devido ao grande sucesso do primeiro webinário relativo a metáforas para coaches e trainers, a International Coaching Community (ICC) realizou um encore com Alexandra Lemos, que mais uma vez partilhou a sua sabedoria com os ouvintes. Foi repetida informação da primeira sessão (podem consultar o meu texto sobre ela neste mesmo blog no link: http://quimerainsular.blogspot.pt/2016/08/webinario-metaforas-para-coaches-e.html) e acrescentado conteúdo novo. As metáforas surgem da necessidade de transmitir ideias, práticas, sentimentos e insights através de objectos físicos, de forma 3D. Alexandra Lemos começou por mostrar uma foto sua como engenheira, aos 26 anos a trabalhar na Ponte Vasco da Gama, há 20 anos atrás. Estava a 30 metros de altura e, uma vez que os seus colegas não estavam muito próximos fisicamente e havia ruído constante, Alexandra especializou-se na comunicação não-verbal para explicar o que pretendia, o que se tornou uma âncora para o seu desenvolvimento da metáforas ma

A Cimeira de Bratislava

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A União Europeia vive uma crise existencial sem precedentes que afecta os alicerces em que assenta a construção europeia. A Cimeira de Bratislava, capital da Eslováquia, realizada nesta Sexta-feira foi a primeira que decorreu sem a presença do Reino Unido e trazia à cabeça a necessidade de acrescentar algo de valor à União Europeia no que diz respeito à sua própria identidade, segurança, crise dos refugiados e economia. As preocupações com o terrorismo são marcadas. A segurança dos estados europeus necessita de ser complementada com uma capacidade própria de defesa, sem depender exclusivamente da força da NATO. Essa estrutura de defesa deve contar com um quartel general próprio, uma coordenação logística e a nível de indústria.  A cooperação estrutural deve ser feita sem perder soberania. A crise dos refugiados que divide os países europeus (com o centro e leste da Europa a dificultarem a sua entrada e a Grécia e a Itália a receberem um fluxo maciço de refugiados) lança o deba

As cicatrizes das famosas

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Designa-se por cicatriz ou fibrose o produto de uma lesão da derme (a camada intermédia da pele), geralmente por lesão ou corte cirúrgico. O processo de reparo começa imediatamente após a lesão. A cicatrização decorre em quatro fases: limpeza (após o ferimento os tecidos afectados libertam mediadores químicos de inflamação, que enquanto estiver activa, o processo de cicatrização está incompleto), retracção (reduz 50% a 70% o tamanho da ferida, tendo início dois a três dias após a lesão e sendo fruto da acção dos miofibroblastos), tecido de granulação (o novo tecido que surge para preencher o defeito e que acaba por dar lugar a uma cicatriz fibrosa dura, retraída e esbranquiçada) e por último, re-epitelização (acontecimento terminal no processo de reparo em que as células epiteliais crescem e restabelecem a continuidade do ferimento). As celebridades não são alheias às cicatrizes que acometem os restantes mortais sendo que irei analizar algumas em seguida. A cantora colombi

Ansiedade: como lidar com um dos problemas do século

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Nas últimas semanas várias figuras públicas, a maior parte delas da música pop como Selena Gomez, Zayn Malik, e Britney Spears, revelaram sofrer de ansiedade. É a altura certa para falarmos mais desta condição e do que pode ser feito para lidar com ela. Falar em público ou estar num evento social em que temos de nos dirigir a um vasto grupo de desconhecidos pode causar um ataque de nervos a qualquer pessoa. Mas, quando a reputação como artista depende de uma actuação de tirar o fôlego, que seja considerada perfeita, ficar ansioso pode tornar-se muito problemático, independentemente da popularidade e sucesso que se tenha. Ansiedade e ataques de pânicos costumam estar correlacionados e o aumento da sua incidência pode ser encarado com um sinal dos tempos actuais. Tom Chaplin, da banda Keane e artista solo reflecte " Há muita pressão na vida moderna e acho que a generação Facebook, com a ideia de que temos de apresentar esta foto perfeita de nós mesmos, está a retirar algo da au

Setembro amarelo: Mês de prevenção do suicídio

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Ontem, 10 de Setembro, assinalou-se o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O mês de Setembro é tipicamente de recomeços (do ano lectivo, do trabalho depois das férias de Verão) mas também é de campanha de consciencialização, Setembro amarelo, que pretende alertar para o acto de terminar a própria vida e prevenir o comportamento suicida que acontece a cada segundo que passa. Estima-se que um milhão de pessoas no mundo se matem por ano e que as tentativas de suicídio sejam na ordem dos 10 a 20 milhões. É preciso falar deste desespero silencioso que acomete tantos seres humanos, muitas vezes na flor da idade. Quando é que a esperança no futuro se esgota de forma irrevogável, quando é que o ser humano desiste para sempre de tentar, de viver? A dor é inequivocamente difícil de suportar, nem sempre sentimos que aprendemos ou crescemos com ela, às vezes sentimos que não conseguimos lidar com mais nada, que qualquer coisa a mais pode ser a gota de água. Até tarefas rotineiras como pagar

A teoria da complexidade e a integração pessoal num todo

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Toda a minha vida foi construída sob o medo das adversativas "Ou sou isto ou aquilo", do "se faço x nunca poderei fazer y". Sempre quis ter uma visão integral e abrangente das coisas, não me limitar a um só ramo do conhecimento mas com isso arrisco não me especializar verdadeiramente em algo. A escrita é a única arte em que sinto que ganhei raízes, desde pequena que foi como o meu segundo lar, onde me sentia protegida, confortável e livre, em suma, no meu elemento. Libertar tensões, exorcizar demónios e espantar fantasmas, tudo ela me permitiu e continua a permitir. Mas o mundo é muito grande e eu sou apenas uma só, de dimensões reduzidas, ínfimas até. Por quanto tempo vou eu sentir que sou apenas uma versão fragmentada de mim mesma? O filósofo, antropólogo e sociólogo francês Edgar Morin criou a teoria da complexidade que defende estudos inter-poli-transdiciplinares, que combatem o reducionismo e postulam a interligação dos saberes. "Afinal, de que serviria

Bombeiros: super heróis por vocação

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As notícias são alarmantes: mais de metade da área ardida na Europa é em Portugal. Os incêndios que consomem o nosso país multiplicaram-se durante o Verão, não dando descanso àqueles que sendo voluntários nada recebem a nível monetário para responder às inúmeras solicitações de que são alvo, arriscando muitas vezes a vida para apagar fogos e impedir que as chamas alastrem às habitações circundantes. Não podem voar lançando teias como o Homem Aranha, não têm visão raio x nem são feitos de aço como o Super Homem, não têm a força descomunal do Incrível Hulk. Têm os mesmos poderes de qualquer homem dito normal, deixam as famílias para trás para irem combater os incêndios, lançam medos e receios para trás das costas enquanto avançam sempre para a frente, com as mangueiras em riste a tentar dominar o que arde. Os bombeiros deviam ser mais mais louvados pelo seu trabalho. O meu avô materno, que foi bombeiro voluntário praticamente toda a vida recebeu mais tarde uma medalha de mérito pelo

Competição: um dos paradigmas da sociedade

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As aulas estão quase a recomeçar. É tempo de fazer balanços na educação escolar mas também de olhar em frente, com a esperança e optimismo possíveis. Há quem defenda que é a escola que deve educar a criança, mas se não for a família a incutir desde o berço os principais valores e padrões de comportamento a entidade a que chamamos de escola tem sérias limitações para fazer ouvir a sua voz. Aprender é o seu lema, é dentro das quatro paredes desta instituição que a criança passa a maior parte do seu tempo, nos livros pode fazer todo o tipo de descobertas e no entanto, cada vez mais é difícil responder a tantas solicitações, captar a atenção que se dispersa, criar vida no que por vezes parece obsoleto. É na escola que começamos a aprender que temos de ser bons o suficiente, que se queremos sobreviver temos de competir, caso contrário, somos como um animal que se perdeu da manada, ficou para trás e será provavelmente pisado ou comido por um animal maior ou mais astuto do que ele. A reali

A tale of love and darkness, Anais Nin, Zayn

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Filme: Lançado em 2015, realizado e estrelado por Natalie Portman (que também escreveu o roteiro), "A tale of love and darkness" é baseado no livro homónimo auto-biográfico do autor israelita Amos Oz e passa-se em Jerusalém durante os últimos anos do Mandato Britânico na Palestina e posterior criação do estado independente de Israel. Mais do que um filme com tonalidades políticas sobre o despontar de um país, esta obra cinematográfica é um relato emocionante e pessoal sobre o crescimento de um rapaz, a sua vida familiar e mais especificamente o seu relacionamento complexo com a mãe, a misteriosa Fania. C om uma brilhante realização e interpretações, a "Tale of love and darkness" é f alado em hebraico e constitui na radiografia de uma infância debaixo de um conflito delicadíssimo. O poder da linguagem está também em primeiro plano nesta película, com as cores emblemáticas a envolverem o espectador numa história que provoca entendimento, compaixão e curiosidade até a