Camila Cabello "Breathe into it" para a Calm Part.2

 



Na primeira parte do resumo de "Breathe into it" da artista Camila Cabello para a aplicação Calm, falei sobre os cinco episódios iniciais, num artigo que podem ler aqui: http://quimerainsular.blogspot.com/2021/06/camila-cabello-breathe-into-it-para.html. Vou agora, sem mais delongas, escrever sobre os restantes: 


Episódio 6 "Be annoying" (Sê irritante)_ Camila começa por falar do círculo interno (tudo na vida que está sob o nosso controle) e o círculo externo (o que está fora). Refere como a sua vida mudou depois de ler o livro "Stillness is the key" (2019) de Ryan Holiday que nos fala sobre estoicismo, auto-controlo, aceitação e viver uma vida virtuosa. 
Camila tinha apenas 15 anos quando competiu no programa X Factor e começou a sua carreira musical. Revela-nos que ficou afetada quando viu um comentário online em que a chamavam de irritante e que apesar de saber que precisava de ter uma pele dura enquanto figura pública, ficara magoada porque tinha sido genuína naquela entrevista que agora criticavam. Cita o filósofo grego Epiteto que nos diz que sofremos não com os eventos da nossa vida, mas com os nossos julgamentos sobre isso. Camila diz-nos que não podemos controlar o que nos acontece mas sim como reagimos e podemos ser quem somos, ousar correr riscos, cometer riscos e ser original.


Episódio 7 "What if?" (E se?)_ Camila relata uma fase da sua vida de grande ansiedade, quando se preparava para atuar no popular programa Saturday Night Live. Contemplava uma foto dela quando tinha 5 ou 6 anos e via uma menina inocentemente feliz de que desejava cuidar, mas não sabia como. Tudo na sua jornada estava a avançar muito rápido: tinha muitos compromissos profissionais, estava a trabalhar no seu segundo álbum, começara recentemente o relacionamento com o também cantor Shawn Mendes e não andava a descansar o suficiente.  Assim, antes daquele espetáculo importante, Camila alimentava pensamentos catastróficos e tinha medo de arruinar tudo. 
Com a prática disciplinada da meditação, Camila percebeu que a sua mente disparava para lugares irracionais e paralisantes, que tinha as ferramentas para confiar nela mesma e nas suas emoções. Se os nervos são energia, como disse Beyoncé, não devia ver as relações como um problema a ser resolvido ou ter medo dos seus pensamentos, devia abraçá-los, como a criança que acende a luz para descobrir que o que parecia um monstro na escuridão é apenas um urso de peluche. 

Episódio 8 "Who you are" (Quem tu és)_ Camila fala sobre a metacognição, o pensar sobre os pensamentos e o nosso diálogo interno, que espelha os nossos desejos, inseguranças e epifanias. A cantora e compositora admite que é muito crítica e negativa em relação a si mesma, que sabe o que é ter uma voz que lhe diz que não é boa o suficiente, que não é nada de especial, que não conseguiu algo significativo ainda. Ao centrarmo-nos no que nos falta ficamos insatisfeitos, pelo que é fundamental praticarmos o amor-próprio e esquecermos um pouco quem nos podemos tornar para acolhermos e termos orgulho em quem somos. 
Podemos rescrever os nossos programas internos, pensar em nós como alguém maravilhoso, com um grande coração, com sonhos, habilidades e idiossincrasias únicas. Isto exige consciência, um esforço para nos sentirmos inteiros e adequados e que façamos trabalho interior.


Episódio 9 "Free fall" (Queda livre)_ "Se te renderes ao vento, podes voar" escreveu Toni Morrison. Camila Cabello conta-nos quando chegou a uma sessão de trabalho do álbum de estúdio muito preparada, com ideias detalhadas para músicas que queria escrever. No entanto, por mais que tentassem, estas ideias não estavam a fluir. A artista diz-nos que a criatividade não quer saber dos nossos planos e foi quando começou a falar do pai que algo emocional e poderoso começou a tomar forma. Ela resistiu a princípio porque queria sentir uma rede de segurança e não o desconforto do desconhecido, mas depois abriu o coração e saltou, deixou que a inspiração transbordasse e se transformasse na canção "First man".
 Por mais que queiramos ter o controlo das situações, Camila diz-nos que seguir os nossos instintos orgânicos e rendermos-nos a algo maior que nós é o melhor caminho a tomar. Pablo Picasso disse "O maior inimigo da criatividade é o bom senso". Como tal é preciso um abandono imprudente, quer seja na arte ou no amor. Amar é o oposto de estar no controlo porque não sabemos para onde iremos nem podemos prever o resultado final, é algo tão delicado como uma borboleta impossível de abraçar.

Episódio 10 "Social life" (Vida social)_ Camila fala-nos da facilidade com que se desperdiça tempo nas redes sociais, como se estivêssemos numa espécie de transe. Conectar-nos com as pessoas pode dar-nos uma sensação de validação mas esta relação com as redes sociais pode ter um lado obscuro e muito pouco saudável levando a inveja, comparações com pessoas aparentemente mais felizes e bem-sucedidas, raiva ou tristeza. 
É preciso estabelecer fronteiras entre os conteúdos que consumimos e ter consciência plena para conseguir regular os nossos estados emocionais. Igualmente importante é observar os nossos pensamentos e criar distanciamento entre os acontecimentos e a nossa resposta, como se fossemos um pesquisador curioso. É isso que permitirá liberdade, poder e crescimento pessoal. 
Usar as redes sociais com inteligência é uma escolha que temos à nossa disposição. E porque não passar mais tempo no mundo real, com família, criatividade, a expressar-nos sem preocupações e filtros?

Episódio 11 "You belong here" (Tu pertences aqui)_ Quando as portas se fecham na nossa cara podemos sentir que não nos enquadramos, que somos impostores, fraudes, perdedores, que o quer que digamos vai soar estúpido.
Camila Cabello faz-nos imaginar a seguinte situação: se fossemos visitados por extraterrestres do outro planeta, seres de inteligência avançada com infinito calor, compreensão e compaixão, iriam dizer-nos que temos todo o direito e razões para estar aqui, que este é o nosso lar, que somos daqui, por mais que nos sintamos estranhos. 
Estar aqui e no agora, a respirar e a sonhar, é a prova que somos seres preciosos, dotados de calma e força, nascidos para ser como um feixe de luz e um milagre de amor. Nós pertencemos a este mundo e este mundo pertence-nos. 

Episódio 12 "Being in your body" (Estar no teu corpo)_ Camila nunca tinha dançado antes de integrar o grupo Fifth Harmony e costumava achar que não sabia distinguir o pé direito do pé esquerdo. Agora dançar é algo que é divertido para ela e a faz sentir confiante e alegre. A dança é sabedoria no modo como faz com que o corpo se mova livremente e saiamos da nossa própria mente. Trazer as nossas sensações físicas para o agora faz com que nos sintamos bem, que possamos brincar e interagir connosco mesmas. Afinal, como disse a professora de representação de Camila Cabello a alegria é a frequência mais elevada que existe.

Episódio 13 "Gratitude" (Gratidão)_ Ser grata é, segundo Camila o maior antídoto para a negatividade. A artista partilha a história da mãe, originária de Cuba, que cresceu numa situação de escassez de mantimentos (a comida era racionada) e em que às vezes não havia água quente ou electricidade. A incerteza fez com que os pais de Camila fossem felizes apenas por estar vivos e acreditassem que para além da morte, tudo o resto era resolúvel.
Camila partilha que não era naturalmente grata porque a nossa cultura societal nos pressiona e nos envia constantemente a mensagem de que não somos nem temos o suficiente. Ser grata pela nossa saúde, por condições mínimas de segurança é uma ferramenta muito útil. Desta forma, a gratidão não é um estado emocional passageiro mas uma prática que pode ser cultivada através da meditação, escrita num diário, oração, entre outros. 
A gratidão, porque se baseia na verdade objetiva, não visa escamotear as lutas e problemas da vida, que têm uma dimensão muito real, mas sim reafirmar que a vida é um milagre e ver o bom em tudo o que existe e na ligação que estabelecemos uns com os outros, através do espaço e tempo. Como muito bem disse a escritora e professora de atenção plena Tamara Levitt, a gratidão é como uma carta de amor à nossa vida. Não deixe de escrever a sua!





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