Joker, grit & Chloe x Halle

O mês de Junho traz-nos mais uma sugestão de um filme para ver, livro para ver e disco para ouvir. As minhas recomendações são as seguintes:




Filme: "The Joker" (2019)_ Realizado por Todd Philips este é um thriller psicológico e de suspense, muito bem escrito e interpretado, que conquistou, entre outros galardões, o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza e valeu a Joaquin Phoenix o Oscar de melhor ator.
Não sendo propriamente aficionada de filmes inspirados em banda desenhada, as minhas expetativas para Joker não eram muito elevadas, pelo que fui agradavelmente surpreendida pela qualidade do filme, que é sombrio, pesado e em certos momentos um autêntico murro no estômago, fazendo-nos traçar inevitavelmente paralelos entre o mundo retrato na película e a nossa realidade.
O que vemos é uma cidade, Gothan City, mergulhada em verdadeiro caos e descalabro com uma greve preocupante dos homens do lixo e altos índices de criminalidade. É aí que conhecemos Arthur Fleck, um homem que toma medicação para os seus problemas psiquiátricos (que fazem com que ria descontroladamente quando está nervoso, por exemplo) e trabalha como palhaço para pagar as contas. Vive com a mãe idosa e em estado de saúde muito frágil e sonha em ser comediante de stand up ao ver o programa noturno de Murray Frankin (Robert DeNiro numa magistral interpretação, como sempre). 
O fundo de assistência social que permite a Arthur falar com uma profissional de saúde mental é cortado e numa altura em que a Previdência Social está em perigo e tantas pessoas estão a ser deixadas para trás, confesso que o filme que me fez refletir bastante.
"Joker" é mais que um estudo psicológico de uma personagem que explica como uma pessoa se pode sentir atraída pela violência e tornar-se vilão. Lança questões sobre a vida privilegiada dos ricos e poderosos que menosprezam e por vezes espezinham o cidadão comum ou toda e qualquer pessoa que seja diferente. Acabamos por nunca saber muito bem onde começa e termina a imaginação deste Joker e é um desafio ver este filme e tentar juntar todas as peças do puzzle. Este é um filme, que nos deveria fazer estar mais atento às fraturas da sociedade, a quem está ao nosso lado e a desenvolver ainda mais a nossa empatia e compaixão.



Livro: "Grit: The power of passion and perserverance" (2016) de Angela Duckworth_ Queria muito ler este livro que nos fala da característica determinante para o sucesso. Na opinião da sua autora, psicóloga, professora e bolseira da Fundação MacArthur, a resposta não é talento e habilidade naturais mas sim ter garra, determinação. Para Duckworth o que separa as pessoas que realizam os seus objetivos e sonhos das que desistem a meio do caminho não são fatores como inteligência inata. É a capacidade de, entre as coisas, concluir os projetos que nos propomos executar, ser perseverante no meio dos inevitáveis obstáculos e dificuldades, ao mesmo tempo que seguimos a nossa paixão.
Angela vai mais longe e elaborou uma escala de garra/determinação que permite calcular com alguma exatidão as probabilidades de uma pessoa permanecer numa instituição militar, por exemplo, por mais árduo que seja o período de formação inicial e o estilo de vida.
O livro deixa-nos uma nota de esperança ao defender que a nossa mentalidade não é fixa ou estática, que há possibilidade de nos desenvolvermos, de nos cultivarmos, em suma, de crescimento. É sempre possível adquirir uma nova competência de forma duradoura se estivermos dispostos a trabalhar permanentemente pela excelência e nos desafiarmos a dar sempre o nosso melhor com solidez, inteligência emocional e claro, muita determinação. 
Foi uma leitura muito enriquecedora para mim que recomendo vivamente.



Música: Chloe x Halle "Ungodly hour" (2020)_ Este duo é composto por duas irmãs de Atlanta, Georgia: Chloe (22 anos) e Halle Bailey (21 anos) que se tornaram conhecidas ao postar vídeos na plataforma Youtube a interpretar canções como "Pretty hurts" de Beyoncé. Esta última, vendo todo o potencial das duas, contratou-as para a sua editora discográfica Parkwood Entertainment.
"Ungodly hour" lançado no ano passado no auge da pandemia e do movimento de protesto Black Lives Matter, é um álbum conceptual que nos fala de passar por situações confusas, vulneráveis e delicadas. Quando não sentimos um sinal de Deus, de que as peças da nossa vida se vão encaixar, o que fazemos? Não somos anjos perfeitos, todos temos inseguranças, defeitos, altos e baixos e queremos ser amados no nosso melhor e no nosso melhor. É disso que este trabalho musical trata, de tudo o que queremos dizer e ouvir nas horas em que mais precisamos.
Destaque para as canções "Baby girl", "Do it", "Ungodly hour", "Busy boy" e "Lonely".
Confiantes e com um estilo mais maduro, Chloe e Halle apresentam-se como jovens mulheres com uma visão artística muito clara e interessantíssima, de quem certamente vamos ouvir falar muito no futuro.

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