Angelina Jolie e as abelhas


Angelina Jolie dispensa apresentações. Atriz, realizadora e humanitária, aos 45 anos de idade, é há cerca de duas décadas embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). 
Numa altura em que se assinalou o Dia Mundial das Abelhas, a 20 de Maio, Angelina causou impacto ao posar com várias abelhas pousadas na pele e ao destacar a sua importância como guardiãs ambientais, de que se contam mundialmente 20.00 espécies de abelhas.
Neste trabalho para a revista National Geographic, Angelina fala de como é urgente proteger as abelhas nos habitats de que são nativas. As fotos são de Dan Winters, um apicultor amador.
De facto, existe um equilíbrio delicado entre os seres humanos e os insetos polinizadores, de que dependemos tanto para assegurar a nossa cadeia alimentar. Angelina tem duas visões: as abelhas como essenciais para a nossa alimentação  e criar uma rede global de mulheres que serão treinadas para proteger estes polinizadores essenciais à manutenção da vida. O desafio segundo ela, é alcançável: "Com tanto com que estamos preocupados no mundo e tantas pessoas sentindo-se sobrecarregadas de más notícias, este é um problema que podemos gerir".
Falar de abelhas é falar de ambiente saudável, segurança alimentar e empoderamento feminino. Estima-se que três em quatro colheitas para consumo humano e mais de um terço da terra cultivada mundialmente dependa das abelhas. A isto se juntam os frutos, nozes, vegetais, alfafa consumida pelas vacas e as colheitas que vão estar na base de roupa e medicamentos.
A população das abelhas tem estado em grave declínio desde 2006, com as colónias a entrarem em colapso. São ameaçadas por parasitas, pesticidas, perda de habitat, monocultura em larga escala e mudanças climáticas). Como consequência, mais de seis espécies de abelhas nativas dos EUA estão na lista de espécies ameaçadas.
Angelina Jolie foi recentemente nomeada madrinha de um programa de cinco anos chamado Women for Bees, uma parceria da UNESCO e a Guerlain, a casa francesa de cosméticos cujos perfumes Angelina publicita e que já doou a esta causa dois milhões de dólares. Espera-se que até 2025 as mulheres construam 2.500 colmeias nativas. A iniciativa visa realçar a diversidade de práticas baseadas no saber fazer das diferentes culturas.
Nas reservas da biosfera, tenta-se reconciliar conservação com uso humano sustentado. Angelina Jolie participou em quase 60 missões da ONU para zonas de guerra. Em 2003 começou uma fundação no nordeste do Camboja, em honra do seu filho mais velho Maddox, para a conservação e desenvolvimento da comunidade. Os objetivos passam por remover minas antipessoais, formar guardas florestais, promover a igualdade de género e diminuir o abate de árvores ilegal que ameaça as abelhas, os outros animais e todo o ecossistema. "Temos de encontrar maneiras em que as pessoas a viver nessas comunidades possam prosperar e estar ligadas ao seu ambiente natural", frisa.
Este mês participa num programa em Provence, sul da França, onde será também treinada na apicultura. Angelina comenta divertida sobre o seu processo de criação de abelhas juntamente com os filhos e que tipo de abelha se considera: "Tenho muitas flores silvestres e a minhas abelhas estão muito felizes. Estamos a tentar perceber onde colocar as colmeias. Acho que terei de as colocar no telhado. Angelina explica que há dois tipos de abelhas: a selvagem e solitária que tem uma vida diferente da outra e apenas poliniza e a doméstica e abelha que faz o mel. "Sinto que ultimamente tenho sido muito uma abelha do mel doméstica mas no meu coração sou selvagem solitária".
Sempre do lado das pessoas mais vulneráveis, especialmente mulheres e crianças, Angelina aborda as interconexões subjacentes ao seu trabalho humanitário: "Muitas pessoas em risco estão deslocadas pela mudança climática ou por guerras desencadeadas por lutas por recursos diminutos. Ter o teu ambiente destruído, o teu modo de subsistência arrancado de ti, é uma das muitas razões pelas quais as pessoas migram ou estão deslocadas ou lutam. Está tudo interconectado. Temos de ser mais conscientes dos químicos e da desflorestação. Não tens de ter terra para te considerares parte da solução. O que é entusiasmante é que estamos a encontrar soluções e a empoderar mulheres na sua subsistência". Ainda sobre poder feminino, Jolie é perentória: "As mulheres são tão capazes. E há muitas mulheres nestas áreas que não têm tido oportunidades. Mas têm fome de aprender, têm excelentes instintos empresariais. Ter uma rede, aprender a ser melhores apicultoras com a melhor ciência e métodos e ter algo que podem fazer e vender. Quando uma mulher desenvolve uma competência, ela ensina outras mulheres e outros homens e os seus filhos. Por isso se queres ter algo feito e magnificado, encontras uma mulher e ajudas-lha a compreender o que o problema é e ela trabalhará muito arduamente para que toda a gente na comunidade o saiba".
Angelina fala também da destruição da natureza e da esperança que vê com este programa: "Quando perdemos espécies, animais ou plantas, isso é destruir algo. É quebrar o tecido de todas as coisas de que dependemos. Plantar vegetação nativa, não usar químicos nocivos nos nossos quintais e jardins comunitários. Acho que parte disto é querer ajudar a que seja simples para todos porque eu preciso disso. Tenho seis filhos e muito a acontecer, eu não sei ser "perfeita" em nada".
E, portanto fundamental contribuir para cuidar das abelhas pois não é um eufemismo dizer que seria um autêntico apocalipse viver sem elas, visto que realizam a polinização, processo que permite a reprodução de plantas com flor, a produção de sementes e frutos, garantindo a diversidade no nosso planeta.
Para a sessão fotográfica da National Geographic, Angelina Jolie não pôde tomar banho nos três dias precedentes para não ter um odor que confundisse as abelhas. Descreve como tudo se passou de modo simples "Vou soar como nas minhas práticas budistas, mas foi um prazer estar conectada a estas bonitas criaturas. Tens de estar muito quieta no teu corpo nesse momento, o que não é fácil para mim. Eu penso que parte do pensamento era esta criatura ser vista como perigosa às vezes e picar. Como estás com ela? A intenção é que partilhamos este planeta. Somos afetados uma pela outra. É assim que isso deveria ser e foi mesmo e senti-me muito honrada e muito sortuda por ter esta experiência". Todas as pessoas envolvidas no processo exceto a atriz usavam fato protetor, o cenário estava calmo e escuro o suficiente para manter as abelhas calmas e Angelina permaneceu estática durante cerca de 18 minutos, de forma a que tudo decorresse em segurança. 
"Podemos certamente todos intervir e fazer a nossa parte, e podemos fazer muito melhor e qualquer pessoa pode", finaliza.

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