A tela em branco


"A tela em branco" ("Canvas" no original) é uma curta-metragem lançada a 11 de Dezembro de 2020 na plataforma Netflix. Tem 9 minutos de duração e foi escrita e realizada por Frank E. Abney III. Este revela que se inspirou para a criar depois da morte do seu pai quando tinha cinco anos de idade e de como isso afetou toda a sua família. O produtor da curta-metragem foi Paige Johnstone e o compositor foi Jermaine Stegall.
Centra-se na história de um avô afro-americano que sofre uma perda devastadora: a sua mulher. Viúvo, confronta-se agora com o espaço vazio e a solidão imensa. Então, recebe a visita da filha que lhe traz a neta para lhe fazer companhia. Esta tenta por todos os meios chamar a atenção do avô e convencê-lo a voltar a pintar. Antes de perder a companheira, o avô era apaixonado por pintura mas agora, assoberbado pela tristeza que o invade, não consegue encontrar inspiração para criar. A neta continua a impulsionar o avô, com muita dedicação e carinho, até que se dá uma descoberta surpreendente para os dois.
Achei esta curta-metragem extremamente bem feita, de uma grande sensibilidade, que alia o virtuosismo técnico ao coração. Cada cena é filmada de forma exímia, mostrando bem o que as personagens estão a pensar e a sentir.
A nível dos temas principais considero que abordou muito bem o luto e o valor terapêutico da arte para ultrapassar as perdas na vida. Também colocou em foco a importância do convívio saudável entre gerações. A neta consegue contagiar o avô com todo o seu entusiasmo e vivacidade e este percebe que pode honrar a memória da sua falecida companheira ao mesmo tempo que mantém a paixão pela pintura e pela vida. Faz-nos concluir que são os afetos que, em última análise, nos resgatam do sofrimento e nos devolvem a nós próprios.
"A tela em branco" ganhou prémios da NAACP Image Awards e Annual Black Reel Awards. Recomendo vivamente esta curta-metragem.




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