Tempos modernos, More than enough & Shawn Mendes

Neste começo de ano de 2021 quero, como já é hábito na rubrica Sugestão cultural, sugerir um filme, um livro e um disco que me marcaram recentemente. 
As minhas escolhas são as seguintes:



Filme: "Tempos modernos" (1936) de Charlie Chaplin_ Um dos clássicos do cinema com a mítica personagem Charlot ou O Vagabundo, realizado, escrito e protagonizado por Charlie Chaplin ao lado de Paulette Goddard e Henry Bergman, este é um filme norte-americano que é uma crítica acirrada e mordaz à ganância capitalista, que tem lugar no mundo moderno industrializado. 
Denunciando a exploração laboral dos trabalhadores durante a Revolução Industrial e maus tratos durante a Grande Depressão, a obra inicia-se com a personagem Charlot como operário fabril, numa linha de montagem, cujo patrão o obriga a parafusar peças a um ritmo cada vez mais acelerado e frenético. A vontade de poupar tempo faz com que este último equacione que os funcionários recorram a uma máquina de alimentação, sendo Charlot usado como cobaia desta invenção, que se vai perceber ser desastrosa.
A vontade de ter produtividade e lucro a todo o custo, a fragmentação política e as pessoas nas franjas mais desfavorecidas na sociedade são temáticas abordadas por esta obra cinematográfica, que é sem dúvida memorável e foi selecionada para preservação pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, por ser considerada culturalmente significativa.
Misturando comédia, drama e romance "Tempos modernos" é uma película que não se desvirtua em nada por ser um filme mudo, a sua mensagem é clara e o seu apelo continua a sentir-se, mais do que nunca, na atualidade.




Livro: "More than enough" (2019) de Elaine Welteroth_ Nascida a 10 de Dezembro de 1986, a autora destacou-se por ser nomeada editora principal da Teen Vogue norte-americana aos 29 anos de idade e por ser a segunda pessoa afro-americana na história da empresa Conté Nast a ascender a esse título.
Nesta autobiografia reveladora, Welteroth conta-nos os desafios de crescer biracial e fala de raça, privilégio e justiça social com conhecimento de causa. Dos tempos em que buscou a excelência académica e uma profusão de atividades extra-curriculares (licenciou-se em Comunicação pela Universidade de Sacramento), aos primeiros relacionamentos amorosos às dificuldades em encontrar a sua voz e afirmar-se profissional, nada é deixado ao acaso em "More than enough".
O livro torna-se extremamente interessante quando Elaine nos conta o seu estágio na revista Ebony e como teve uma conduta empoderada desde o primeiro dia, confiando nos seus instintos, até passar pela publicação Glamour até finalmente transitar para um cargo de chefia na Teen Vogue. Elaine Welteroth procurou quebrar paradigmas com a revista, fez um trabalho inovador e assumiu riscos que, em grande parte compensaram. Pugnou por consciencializar os adolescentes sobre assuntos como política, questões sociais e comunitárias e racismo, ressaltando a beleza e valores negros.
Uma das conclusões que retiro de "More than enough", é que somos suficientes exatamente da maneira que somos, e como diz o subtítulo, é preciso reivindicarmos o nosso espaço, para expressarmos a nossa verdadeira identidade. Foi um leitura muito útil e extremamente interessante.


Música: "Wonder"(2020) de Shawn Mendes_ Quarto álbum de estúdio do cantor canadiano Shawn Mendes, de 22 anos, "Wonder" é um registo musical sobre o encanto da vida, o amadurecimento e o amor, vivido com toda a intensidade e plenitude. 
Musicalmente é um disco ousado, com um som vintage em faixas com arranjos cuidadosamente elaborados e letras intimistas e confessionais, que mostram muito do que vai na mente e coração do cantor e compositor.
Destaco as canções "Wonder", "24 hours", "Dream"; "Always been you" e a belíssima "Look up at the stars".

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