Procuro

Busco-te nas faces de idosos. Busco-te nas faces de crianças. Procuro-te em toda a parte sem nunca te encontrar porque o que és está par além da juventude e da velhice, da saúde e da doença, da vida e da morte.
És como um mural pintado com as cores mais alegres em que cai sempre uma sombra que permeia o silêncio, o vazio, o nada da tua ausência.
Pode-se dizer que há poucas coisas absolutas na existência, o Sol nasce para todos mas não esquece todos da mesma maneira. Nem todos os que o veem o podem sentir porque ilumina com resultados díspares. Também não pretendo evocar que bebi do néctar dos mais finos segredos ou provei da sabedoria dos anjos, o meu banquete é tão somente feito de receitas simples, que fui semeando ao longo dos anos e que agora colho desconhecendo exatamente a origem, a sua proveniência.
És como um suspiro velado no meio da noite, como a voz que se autocensura e se cala porque acha que já está a falar demais. Impulsionas-me da mesma forma como me costumavas quebrar e eu não sei se foi a vida que mudou ou se eu é que aprendi a retirar de qualquer situação apenas o positivo. 
Tornei-me diferente da pessoa que julgavas conhecer. Talvez te tenhas tornado também e é possivelmente por isso que te procuro e nunca te encontro.


Crédito da foto: https://unsplash.com/photos/ltE8bDLjX9E

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O talento de Mira

As cicatrizes das famosas

A história de Marla