"Brigitte Bardot: O pacto com os animais"



Vi este documentário de 2019, "Brigitte Bardot: O Pacto com os animais" ("Brigitte Bardot: Rebel with a cause" no original) e fiquei impressionada com a dedicação inquebrável e amor incondicional de Brigitte Bardot pelos animais, que tem feito de tudo para os proteger.
Em 1973, a atriz francesa, célebre tanto pela sua beleza como pelo seu talento e afetuosamente conhecida como B.B., decide deixar de lado a carreira na Sétima Arte para se concentrar a tempo inteiro, de alma e coração, à causa animal. Com 39 anos e no pináculo da fama, Brigitte faz com que os holofotes mediáticos que incidem sobre si, passem a incidir também sobre os animais, especialmente em práticas que considera cruéis e desumanas.
A voz de Bardot enquanto ativista ganha cada vez mais proeminência. Se já na rodagem de um dos seus filmes, escondia pintainhos no decote e movia mundos e fundos para encontrar lar para os animais abandonados, Brigitte Bardot vai-se afirmar como defensora dos animais, com uma tenacidade e persistência inigualáveis.
Notabilizada por filmes como "Et Dieu... créa la femme" (1956) ou "Le mépris" (1963) que a afirmaram como um símbolo sexual e uma das atrizes mais icónicas do seu tempo, Bardot diz no documentário que sabe como os animais se sentem, pois naqueles tempos sentia-se como uma presa, aquela que todos perseguiam numa vida debaixo das luzes da fama que para ela, assentava num mundo de ilusão e superficialidade. 
Ao optar voluntariamente por uma vida mais calma, no campo, numa casa despretensiosa, dedicada à causa animal, Brigitte sente que se conectou com a sua essência mais profunda, a parte mais pura de si e com o seu propósito e legado "Eu dei a minha beleza e juventude aos homens, agora dou a minha sabedoria e a minha experiência aos animais", afirmou.  
Neste elucidativo documentário de Rachel Kahn e François Chamount, com entrevistas e testemunhos nunca antes vistos, chegamos mais perto de perceber a mulher por detrás da celebridade.
Logo no começo da sua carreira como ativista, Brigitte Bardot toma medidas muito importantes como apelar junto de instituições governamentais francesas para que o abate do gado se faça de forma humanizada (com pistolas próprias e não com um degolamento que leve a uma morte lenta e muito dolorosa), foi até ao Canadá onde numerosas focas bebés estavam a ser massacradas para o fabrico de casacos de pele e fez pressão mediática para que fosse vetasse o comércio deste tipo de produtos em França, sendo bem-sucedida. Chegou a propor aos vendedores locais para trocarem o comércio dos casacos de peles de focas pelo de produtos em seu nome, o que revela que percebia ambos os lados da questão e o quanto queria arranjar uma solução sustentável e mutuamente vantajosa. Mas os esforços de Brigitte Bardot não ficam por aqui: decide criar uma fundação para melhor proteger os animais e dar mais impulso à sua causa. Sem dinheiro suficiente para o efeito, começa a vender muitos dos seus bens mais preciosos numa banca que monta em Saint-Tropez e mais tarde, num leilão e consegue efetivamente a quantia necessária. Mostra assim não estar apegada às riquezas materiais e que todo o seu coração está no trabalho que está a desempenhar. Apela ainda a que as pessoas sigam uma alimentação baseada em plantas, tanto quando possível.
Até ao momento, a Fundação Brigitte Bardot já regatou inúmeros animais que viviam em condições de abuso ou exploração e tem uma clínica veterinária móvel, que funciona especialmente em países da Europa Oriental. Contribuiu para a criação de abrigos para elefantes na África do Sul, de ursos na Bulgária, santuários para coalas na Austrália e proteção de algumas espécies de primatas no Senegal. Também conseguiu reintroduzir lobos nos Alpes. 
Brigitte Bardot, aos 86 anos de idade, continua ativa até hoje e através de doações de muitos associados, a Fundação Brigitte Bardot não cessa de ajudar animais espalhados pelo mundo fora. Já disse não ter medo da morte, pois sabe que o seu combate e exemplo será seguido por outras pessoas.
Num mundo em que os problemas de ordem ambiental são vários desde poluição, extinção de espécies, aquecimento global, que se refletem na própria pandemia que atualmente vivemos, é animador saber que as pessoas começam a ficar mais cientes da importância fulcral de respeitar a natureza, promover a biodiversidade e defender os animais. 
Concluo com as palavras de Brigitte Bardot "Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não se podem defender".










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