A melhor educação: o modelo russo versus modelo americano

Num artigo publicado em 27 de Agosto deste ano no The Federalist "My childhood schooling in the Soviet Union was better than my kid's in U.S. public schools today", a escritora Katya Sedgwick, defende tal como o título indica, que a sua educação na União Soviética foi melhor do que as que os seus filhos estão a ter em território norte-americano.
Judia e russa, Katya veio para os Estados Unidos em busca de liberdade, mas agora sente-se descontente com a educação que está a ser dada aos seus filhos e pensa que o país que a acolheu de braços abertos lhes está a falhar nesse sentido. Desde operações de matemática básica a literatura, Sedgwick aponta várias falhas nas instituições de ensino americano.
Segundo ela, escolas soviéticas difundiam a sua ideologia e apresentavam a História através do prisma marxista-leninista da luta de classes, obrigavam a marchas e saudações e ao uso de uniformes de lã desconfortáveis. No entanto, colocava um padrão de excelência nos seus alunos, baseada no modelo educacionativo alemão do século XIX que contemplava exames escritos e orais e memorização. Valores humanistas eram postos em evidência, fornecendo uma estrutura que incentivava o estudante a formar as suas próprias ideias, muitas das quais anti-sistema. Para Katya Sedgwick, o sistema educativo americano tem enfraquecido a partir de dentro.
No seu entender, os americanos arruinaram o ensino da Matemática ao introduzirem em 1960 um novo modelo chamado "Nova Matemática", que confundia os alunos e dificultava a sua aprendizagem. Numa disciplina tão lógica e abstracta, Katya defende que é ridículo defender-se múltiplos métodos para resolver um problema e que se deve apreciar a beleza da solução mais elegante e simples.
No que se refere à língua e literatura, a escritora confessa que passou algum tempo a memorizar poemas e regras gramaticais da língua russa, a recitar poemas, a fazer cópias e exercícios incluindo ditados a partir de livros escolares, livros de ficção clássicos, de propaganda política, entre outros. Katya critica a falta de rigor  das escolas americanas que na sua opinião não explica devidamente as regras da língua na sua forma escrita.
Quanto à literatura, Katya foi obrigada a ler clássicos russos intemporais como Tolstoi, Turgenev e Pushkin na sua versão integral que desenham um retrato bastante claro do século XIX e XX, a que juntou outros clássicos como o americano "Tom Sawyer". A autora interroga-se o que lêem os  jovens americanos, o que para ela são apenas discursos por definição efémeros e descartáveis, que passam a mensagem que nada tem um valor eterno.
Para Segwick, os alunos americanos também consomem propaganda diariamente, mas sem uma estrutura sólida a nível matemático, linguístico e de cânones literários, não estão equipados com as ferramentas para a desconstruir. Como tal, geram-se currículos anti-semitas (em que as referências ao Holocausto não estão presentes), anti-islâmicos, demagógicos, jargão livre de substância e que apela a um activismo a crianças cuja educação está a deteriorar-se desde as fundações.
Declarando-se muito orgulhosa da sua herança russa e do papel crucial que a educação desempenhou na Rússia pós-revolucionária, Katya Sedgwick afirma que criar um indivíduo equilibrado é uma das maiores conquistas de um país.  Para ela, a América falha aos imigrantes não apenas na supremacia branca ou na crise das fronteiras, mas na desumanização que está a acontecer nas escolas, com interesses especiais e burocráticos a sobrepor-se ao que é melhor para os estudantes. A escritora afirma que com o currículo e estrutura adequada e com o modelo educativo que estava em vigor há 50 anos atrás, as escolas podem ensinar eficazmente e que a inovação não pode ser sinónimo de destruição de um sistema que funcionava muito bem anteriormente.

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