Grão a grão



Ontem tiveram lugar as eleições europeias para o Parlamento Europeu, com uma taxa de abstenção recorde em Portugal, entre os 66,5% e os 70,5. Os números são preocupantes e atentam a uma realidade desoladora: os portugueses que não votaram sentem-se, na sua maioria, desligados dos assuntos políticos (pelo menos dos que à União Europeia dizem respeito) e não se importam de deixar que outras pessoas tomem decisões por eles.
O pensamento é mais ou menos na linha seguinte: que diferença é que o meu voto faz? Um voto a mais, um voto a menos, vai ganhar sempre quem é para ganhar. Ora, isto expressa uma mentalidade fixa, de tudo ou nada, em que não reconhecemos o nosso próprio valor, a importância que temos na sociedade e a capacidade que temos de ter influência, por mais pequena que seja, ao exercer o nosso direito de voto.
Temos o privilégio de tomar decisões políticas, um direito que para todas as mulheres foi tão difícil de ser conquistado (recordemos todo o trabalho feito pelo movimento das sufragistas no início do século passado), porque não haveremos de mostrar interesse e de pensar que sim, cada voto conta.
Afinal, um disco só é um sucesso de vendas pelas pessoas que o compraram, cada uma delas contribuiu para que ele escalasse a tabela musical. Não podemos partir do princípio que se não fizermos algo, alguém o fará por nós e que é melhor nem mostrar vontade de fazer melhor.
Não, a tua vida importa. Tu podes fazer a diferença. Podemos-nos sentir como uma gota no oceano mas sem essas gotas todas, o oceano não existiria.
Não podemos ter uma perspectiva céptica em relação à vida, ao ponto de não valorizarmos o impacto que as nossas acções devem ter. Tudo se move em cadeia e o efeito borboleta tem sido estudado e é real (seja de fenómenos meteorológicos longínquos que nos afectam ou de pequenas decisões que tomamos hoje que mudarão o curso da nossa vida mais para a frente). 
Não podemos desvirtuar o poder da consistência e pensar que não faz diferença começar hoje ou amanhã, por exemplo. O tempo é agora, adiar algo positivo só causa dano não só para si mas também para os outros porque se mudar a sua vida para melhor o mundo inteiro se beneficiará disso.
Grão a grão, com pequenos passos diários e com muita persistência poderemos alcançar os nossos objectivos. Tudo depende da nossa atitude, do nosso esforço e daquilo que estamos dispostos a dar. Não é maravilhoso saber isso?


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