Gaga: Five foot two


A artista norte-americana de ascendência italiana Lady Gaga (de seu nome de baptismo Stefani Joanne Angelina Germanotta deixou-se filmar para as lentes do realizador Chris Moukarbel para a cadeia Netflix. Este documentário que estreou a 22 de Setembro fornece-nos um olhar intimista para a vida pessoal e profissional da cantora e compositora enquanto se prepara para a actuação de uma vida: no intervalo da Super Bowl, famosa competição de futebol americano que atrai muitos milhões de espectadores todos os anos. Acompanhamos a artista enquanto prepara o seu quinto álbum de estúdio "Joanne", nos ensaios para actuações e os seus pensamentos sobre o desenvolvimento da sua vida até então.
A luta interna e externa de Lady Gaga é uma constante ao longo de todo o documentário. Ficamos a saber que ela sofre de dores crónicas intensas por todo o corpo que pertencem a um quadro de fibromialgia e que se agravaram após uma operação numa anca. Em consequência disso, a artista tem consultas médicas frequentes e tratamentos como massagens e injecções intramusculares. 
A carreira de Lady Gaga correr maravilhosamente, com esta a receber uma notícia muito sonhada: a de que vai protagonizar o remake de "A star is born" ao lado de Bradley Cooper. Mas se a vida profissional é recheada de êxitos, a pessoal sofre um revés com o desmoronar do noivado com o actor Taylor Kinney. A cantora relaciona o sucesso crescente com a implosão dos seus relacionamentos amorosos "Quando vendi 10 milhões de discos, perdi o Matt. Vendi 30 milhões, perdi o Luke. Consigo o filme, perco o Taylor. É como uma reviravolta. É a terceira vez que tenho o coração partido desta maneira". Lady Gaga assume sentir solidão "Estou sozinha todas as noites. Todas estas pessoas vão embora. Vão embora e fico sozinha. E vou desde ter toda a gente a tocar-me o dia todo e a falar comigo o dia todo, para o silêncio total", reflecte.
Como sempre, a artista canaliza todas as emoções como angústia, frustração e dor para a sua música que se revela terapêutica e saída do coração. "Joanne", o disco, não alude apenas ao seu segundo nome mas é uma homenagem à sua tia, Joanne Germanotta, que era também artista. Pintora e poeta, morreu com apenas 19 anos de idade, sofrendo da doença auto-imune lúpus. Lady Gaga disse por diversas vezes que sente o espírito da tia a viver dentro dela, apesar de nunca a ter conhecido, e tem a forte sensação de precisar de terminar o trabalho que ela começou. Um dos momentos mais tocantes do documentário é quando a artista mostra a canção título do álbum, "Joanne", à sua avó que fica comovida e a acha bonita. Falando sobre a sua filha, elogia-lhe o talento e considera que esta não teve tempo suficiente.
Um dos pontos fortes do documentário são as actuações ao vivo de Lady Gaga, a quem o conceito de espectáculo se encaixa como uma luva. A pressão para o Super Bowl é cada vez mais alta e a estrela mostra-se exigente e perfeccionista, pedindo que aspectos como a escolha do figurino estejam totalmente resolvidos, para que ela se possa concentrar apenas na actuação e dar o seu melhor. Lady Gaga apresentou um medley dos seus maiores sucessos no intervalo da Super Bowl em 5 de Fevereiro de 2017 e teve críticas muito positivas.
"Gaga: Five foot two" faz-nos sentir que as estrelas não vivem num qualquer Olimpo intocável, que são como nós, a viver uma vida com alegrias intensas mas também com problemas a contornar e sofrimentos penosos; ou seja, são pessoas de carne e osso, por mais que as vejamos envoltas no glamour e brilho das luzes da ribalta. Lady Gaga, ao mostrar-nos as suas vulnerabilidades e o que lhe vai na alma conseguiu a proeza de se humanizar ainda mais perante o seu público e é essa candura e coragem que lhe garante o apoio e adoração de um vasto leque de pessoas em todo o globo.



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