Reflexões de metade do ano

Julho marca o mês em que o ano se divide ao meio e que convida a pensar sobre o que fizemos até agora, que objectivos atingimos e o que ainda queremos atingir. 
Pessoalmente, este tem sido um ano bom, de muita aprendizagem e novas experiências mas, como é normal, muitos dos itens que tinha estabelecido mentalmente ainda estão por cumprir. Para tentar encontrar respostas, anotei ontem algumas palavras chaves que me podem ajudar a orientar melhor na direcção destes sonhos e que, no meu entender, podem ajudar a qualquer pessoa. São elas: destralhar, organizar, minimizar, focar e trabalhar de forma consistente.
Destralhar (ou declutter em inglês, como eu prefiro) é muito importante para a nossa paz interior e a harmonia de um sítio, seja a nossa casa, entrada ou sala de estar. Muitas vezes a nossa ideia de arrumação é encher gavetas e roupeiros com tudo o que nos vem à mão, com a mente ausente noutras coisas porque estamos com pressa ou não temos disposição para escolher, analisar e ponderar o que é mais importante. É preciso estabelecer prioridades entre certos objectos materiais que possuo e tentar estabelecer uma hierarquia que faça sentido para mim em vez de os deixar aleatoriamente um pouco por todo o lado.
Organizar vem na sequência do destralhar, é preciso descobrir uma ordem que funcione para nós e nos faça sentir bem, que sirva as nossas necessidades. Quantas vezes perdi tempo em algo de que precisava naquele momento e simplesmente não aparecia? Saber onde estão as coisas, tê-las à mão, de forma a exercermos controlo sobre elas e não o inverso contribui para uma sensação de tranquilidade, que conseguimos lidar com as diferentes facetas da nossa vida simplesmente porque temos um espaço perfeitamente funcional.
Minimizar é uma resolução que vem da minha paixão pela corrente minimalista, ou seja, não querer acumular coisas apenas para ter mais quantidade, mas fazer por se aproveitar ao máximo o que se tem, por primar pela qualidade. Enquanto escritora, tenho a tendência a acumular uma enorme qualidade de papeis, muitos deles só parcialmente preenchido, o que gera desperdício e ocupação inútil de espaço. Também tenho uma colecção de cadernos, alguns por estrear ou só preenchidos nas primeiras folhas. A tendência desta sociedade é para o consumo por vezes insensato e não consigo fugir muitas vezes a esse impulso, tão irracional quanto forte de adquirir aquele caderno simplesmente porque tem uma capa bonita e me transmite boas vibrações e porque acredito que posso escrever coisas interessantes lá. Então acumulam-se os cadernos por estrear, os livros por ler, as folhas mal aproveitadas, enfim, acho que dá para terem uma ideia. Decidi não comprar mais cadernos até ter completado de fio a pavio a maior parte dos que tenho, de aproveitar o espaço livre do papel que sobra e ler a maioria dos meus livros até comprar outros novos.
Ter foco é essencial porque com tanta informação, é difícil estar concentrados e investirmos o máximo numa tarefa. Cultiva-se a arte da dispersão e do tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo, do multitasking. No entanto, nada se compara à sensação de quando o estudo começa a dar frutos e se torna aprendizagem solidificada, quando conseguimos realizar um trabalho com princípio, meio e fim, quando temos uma epifania e conseguimos encontrar um caminho para nos dedicarmos de alma e coração a um projecto, a uma relação, ao que for sem dar pelo passar das horas. Para dar um tiro certeiro ao alvo, é preciso apontar bem a mira. Nos dias de hoje é cada vez mais necessário ter a precisão de um laser para não deixar que o nosso tempo seja desbaratado e nos vejamos perdidos e sem rumo. Saber o que queremos e gastarmos o tempo necessário para o tornar realidade é pois crucial.
Por último e não menos importante, é o trabalho consistente. Muitas vezes a disciplina é menosprezada, o esforço tido em detrimento do talento ou da chamada inspiração. Para termos oportunidade de crescer e evoluir em qualquer trabalho temos de o praticar com frequência, nada substitui o a prática de exercício diário para o atleta mesmo que a ginástica seja mental, criativa e não física. Os músculos na escrita adquirem-se com a leitura e com a passagem à prática, tentando orquestrar palavras como um maestro e criar belas sinfonias literárias capazes de absorver os outros ao mesmo tempo que libertam o seu criador. Ser consistente implica não viver ao sabor dos estados de espírito, por mais tentador que isso possa ser e tentar ter rotinas, alguma instabilidade no meio do que é o caos das tempestades criadoras. Algumas regras não fazem mal a ninguém.
Espero conseguir manter-me fiel a estas palavras de ordem para que o meu balanço deste ano seja o mais positivo possível. Todos queremos ter mais produtividade, mais qualidade de vida e mais felicidade. Se mudarmos pequenas coisas de dia para dia o que parece impossível pode muito bem acontecer.

Imagem retirada de: http://www.huffingtonpost.com/christine-hassler/are-you-addicted-to-think_b_6061138.html

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