Theresa May sem maioria absoluta

O clima nas eleições no Reino Unido é de convulsão política. A primeira-ministra Theresa May do Partido conservador convocou eleições antecipadas na passada Quinta-feira mas os resultados ficaram aquém do esperado. May perdeu a maioria absoluta, com menos 12 assentos na Câmara dos Comuns. Ficou com 318 deputados, oito aquém dos 326 necessários para a maioria absoluta.
O mau resultado nas eleições levou ontem à demissão dos seus assessores mais próximos, a chefe de gabinete Fiona Hill e o conselheiro Nick Timolthy.
Resta agora a Theresa May uma possível coligação com o DUP (Partido Democrático Unionista) da Irlanda do Norte para manter-se no Governo. Porém, há questões potencialmente fraturantes entre os unionistas da Irlanda do Norte e os Conservadores como o aborto, o casamento homossexual. O DUP é manifestamente contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, a favor da criminalização do aborto e da reinstituição da pena de morte.
Michael Fallon, Ministro da Defesa desvaloriza estas divergências, afirmando que o Partido conservador e os unionistas da Irlanda do Norte não têm de estar de acordo em todos os pontos de vista sociais.
O caos em Downing Street evidenciou-se quando Theresa May anunciou no Sexta-feira um acordo preliminar com a DUP, que foi desmentido pouco depois. Arlene Foster, líder da DUP, não negou que se fizeram avanços significativos, mas ressaltou que “as negociações continuam”.
Theresa May irá encontrar-se amanhã com o grupo parlamentar dos conservadores denominado Comité 1922 para decidir quais as próximas medidas a tomar. Caso 15% dos conversadores, 48, se mostrem contra a liderança de May, esta pode ser afastada de Downing Street.
O Partido conservador debate-se num clima de fragilidade interina entre os que são pró-Brexit (a favor da saída do Reino Unido da União Europeia) de forma pura e radical e os que se mostram mais a favor da União Europeia. A neutralidade do governo britânico na Irlanda do Norte também pode ficar em causa com a dependência do DUP. Recorde-se que passaram 30 anos desde o final do conflito que opôs Irlanda do Norte (a maioria protestante, a favor dos laços com o Reino Unido) e o Sul (a minoria católica, a favor da independência ou da integração da província com a República da Irlanda). 
Esta situação já suscitou a preocupação de Ruth Davison, líder do Partido Conservador da Escócia (que ganhou 12 assentos contra um) e pede a Theresa May para garantir os direitos da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bisexuais, Travestis, Transexuais e Transgénero). Davison diverge de May na medida em que defende uma retirada mais suave da União Europeia. 
Apesar de Theresa May assegurar que se mantém firme no cargo, várias são as vozes discordantes. George Osbourne, ministro das Finanças até 2015, em declarações à emissora britânica BBC, afirmou que May era um “cadáver ambulante” e que resta saber “quanto tempo estará no corredor da morte”.
Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista, que conquistou mais 29 lugares no Parlamento, referiu a instabilidade que se vive no Reino Unido e aponta que uma nova eleição pode estar para breve, no final deste ano ou início do próximo.
Questões como a economia e a segurança estão na ordem do dia, com o Brexit pendente e os ataques terroristas, como o que aconteceu em Manchester, no passado dia 22 de Maio no concerto da cantora norte-americana Ariana Grande, fazendo 22 vítimas mortais.
Recorde-se que Theresa May, nascida a 1 de Outubro de 1956, foi ministra do interior de 2010 a 2016 e é primeira-ministra britânica desde Julho de 2016.

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