Before the flood



Before the flood é um documentário de 2016 realizado por Fisher Stevens e apresentado e produzido pelo actor Leonardo DiCaprio, vencedor de um Óscar e destacado ambientalista. É o fruto de três anos de trabalho, de recolha de informação e entrevistas sobre as alterações climáticas nas suas implicações a nível científico, político e possíveis soluções.
Em "Before the flood", DiCaprio foi a cada canto do globo para questionar a capacidade humana de reverter um problema tão crucial. "O nosso mundo está incrivelmente interconectado e este é um urgente ponto de ruptura. Eu fui incrivelmente tocado por documentários sobre alterações climáticas no passado mas nunca senti que tivesse visto um que articulasse a ciência claramente para o público. O individuo não sente que pode fazer um impacto. A jornada foi de tentar fazer um filme moderno sobre alterações climáticas" afirmou o actor, que tem estudado com atenção o tema durante os últimos 15 anos.
O imposto sobre o carbono, o investimento em energias renováveis, o poder do voto para enfrentar lobbies e abrir as portas ao progresso são alguns dos assuntos que o trabalho aborda. São ouvidas vozes muito importantes especialistas em alterações climáticas, em 90 minutos carregados de considerações e emoções valiosas.
O documentário traz um sentido de urgência, revelando projecções científicas que só deveriam acontecer em 15 ou 20 anos e se estão a realizar agora.
Leonardo DiCaprio abre o documentário com o Jardim das Delícias Terrenas de Bosch, pintado há mais de 500 anos mas que lhe dava pesadelos em criança por retratar uma paisagem de decadência, uma Terra sobrepovoada e em chamas. Para DiCaprio o painel final da obra "é um paraíso que foi degradado e destruído".
Ele acredita que o painel do meio "Humanidade antes da monção" é um aviso alegórico para o estado em que nos podemos encontrar se não agirmos na causa das alterações climáticas.
Mensageiro das Nações Unidas nas alterações climáticas, desde o início da década de 2000 quando tomou conhecimento da crise ambiental com Al Gore, Di Caprio considera que o que é necessário fazer já ultrapassa as soluções simples, uma vez que houve uma mudança muito acentuada para pior.
Verifica-se o degelo dos calotes polares na Gronelândia cujo quantidade de gelo é cada vez menos espessa e o impacto dos interesses corporativos que desinformam o público e compram pessoas com credenciais para defender os interesses dos combustíveis fósseis. Com o aumento exponencial da população mundial o problema é cada vez mais complexo e difícil de resolver.
Um das maiores complexidades neste questito é revelado pela Dra. Sunita Narain: na Índia 300 milhões de pessoas não têm nenhum acesso a energia e usam biomassa para cozinhar. Uma vez que o carvão é mais barato, é nesse sentido que se está a fazer a transição. A energia solar ainda é utilizada por uma parte muito reduzida da população mundial. É um facto que a América gasta muita energia eléctrica, o que traz o problema do consumo e também mudança do estilo de vida para o centro das negociações nas alterações climáticas. "Precisamos que os países acreditem que a mudança climática é real e é urgente e que não é um fragmento da nossa imaginação" diz Narain. Assim deduz-se que só se os EUA torem a liderança e derem um exemplo diferente, apesar de todas as pressões, é que o estado de coisas pode mudar. Uma das lutas maiores neste campo é com as poderosas companhias fósseis que querem manter os seus negócios do costume, em vez de permitirem implantar-se a energia eléctrica que é muito mais eficiente. Fala-se da necessidade do imposto sobre o carbono.
A devastação de florestas tropicais como na ilha da Sumatra (Indonésia) pelas plantações de óleo põem a floresta a arder, a vida de espécies como orangotangos em risco e reflectem-se nos oceanos com a morte de recifes de coral. As escolhas que se fazem hoje estão a destruir os habitats que absorvem carbono.
É importante comer frango em vez de carne de vaca, que é dez vez mais prejudicial para o ambiente, ocupa 47% do solo e emite metano, um dos gases do efeito estufa.
Leonardo DiCaprio encontra-se com o então Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, que se congratula pelos objectivos estipulados em Paris e que acredita que com novas tecnologias se pode reduzir lentamente o problema e evitar que assuma proporções catastróficas. "Uma grande porção da população mundial vive perto dos oceanos. Se se começarem a mudar, então vês começar recursos escassos serem objecto de competição entre populações. Esta é a razão pela qual o Pentágono disse que é um problema de segurança nacional. E isto soma-se à tristeza que eu sentiria se os meus filhos nunca pudessem ver um glaciar da maneira que eu vi quando fui ao Alasca. Eu quero que eles vejam as mesmas coisas que eu vi quando crescia", declarou Obama.
Leonardo DiCaprio encontra-se ainda com o astronauta Piers Sellers, que passou 35 dias na órbita da Terra nos anos 90 em três missões espaciais. Diagnosticado com um cancro em fase terminal, Piers Sellers escreveu um artigo para o New York Times sobre como a doença influenciou a sua visão das alterações climáticas. "Cheguei à conclusão que enquanto comunidade científica, não fizemos o melhor trabalho, francamente, em comunicar esta ameaça ao público. Quando estás lá em cima e vês com os teus próprios olhos, vês como é fina a atmosfera do mundo. Uma pequena e estreita camada de pele de cebola à volta da Terra" afirma o astronauta. Degelo dos pólos, aquecimento da Terra, aumento médio do nível das águas do mar e secas persistentes são consequências deste estado de coisas. Quando Leonardo DiCaprio pergunta se há uma maneira de fazer o gelo do Árctico aumentar e reverter esta trajectória tão nefasta ele afirma " Sim. Há esperança... Sou basicamente uma pessoa positiva. Eu realmente tenho fé nas pessoas. E penso que assim que as pessoas saírem deste nevoeiro de confusão  e incerteza neste assunto e o vejam realisticamente como uma ameaça e estejam informados em que nível a melhor acção deve lidar com ele, vão fazê-lo e o que parecia antes impossível de se lidar tornar-se possível" respondeu Piers Sellers, peremptório.
O documentário conta ainda com uma audiência de Leonardo DiCaprio com o Papa Francisco que publicou uma encíclica sobre o meio-ambiente, manifestando a sua preocupação com a causa. O Papa propôs duas orações: uma que seja partilhada com todos os que acreditam num Deus criador omnipotente e outra "para que os cristãos saibam assumir os compromissos com a criação que coloca o Evangelho de Jesus".
"Before the flood" estreou nos cinemas no dia 21 de Outubro de 2016 e no canal National Geographic a 30 de Outubro. Comprometido em combater as alterações climáticas este último canal disponibiliza-o gratuitamente em várias plataformas. Legendado em mais de 40 línguas, já foi visto por milhões de pessoas no mundo inteiro.






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