Simplicidade

Vivo com medo e insegura como se estivesse a atravessar uma ponte deteriorada que pode ruir a qualquer momento. A escuridão entra na minha alma, torna-me confusa e indecisa, distanciada de mim mesma e longe de Deus. Quantas vezes não nos sentimos assim? Que tem de ser agora. Ser tudo, fazer tudo, ter tudo no momento presente ou depois será inevitavelmente tarde demais. Esta conclusão é triste porque não tem de ser assim. Podemos ser suficientes justamente da maneira que somos, com todos os nossos defeitos e limitações. 
Não temos de ter todas as respostas agora, alinhadas perfeitamente como itens de agenda. Não temos de sofrer por antecipação, esperar em vão ou perder-nos para nos encontrarmos. O tempo pode chegar para tudo e ainda sobrar. O conceito de absoluto é uma ilusão, não temos de ser omniscientes ou omnipotentes (só Deus o é) para nos sentirmos confiantes e poderosos, com amor próprio e auto-estima. Só temos de nos sentir inteiros com tudo o que somos capazes de fazer e atingir.
É possível respirar fundo, superar as adversidades e ter espaço para sarar as feridas e recuperar. Há que adorar a simplicidade, amar porque é natural e porque o nosso coração é mais do que uma máquina a bombear sangue por todo o nosso corpo. Há que ser fiel à nossa verdade, não ter medo de viver com intensidade e a arrastar uma manta de retalhos em vez de uma colcha alinhavada na perfeição. Porque não somos obras terminadas, vamos crescendo e construindo-nos a cada dia e acrescentando um quadradinho à manta de retalhos. Porque nada nem ninguém é perfeito. Ser simples é por tudo de nós na mínima coisa a que nos dedicamos, não é ser simplista nem desejar facilitismos na vida. É tomar por vezes o caminho mais longo e pedregoso por uma boa causa. É não acumular entulho inútil, é saber dividir e expressar-se e, mesmo que as palavras faltem, ter consciência que por vezes um olhar fala mais do que qualquer coisa que os lábios possam dizer.
Não somos donos do mundo nem do nosso futuro mas este vai-se moldando a si próprio em cada vez que ajudamos alguém e temos amor pela vida e pelas pessoas, vivendo em unidade sem compartimentar. É aí que se encontra a nossa cura.

Camila Cabello

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