Ortorexia, a obsessão de comer saudável

A ortorexia é uma perturbação caracteriza pela preocupação desmedida com o tipo de alimentos que se consome. A pessoa tem uma lista rigorosa do que não se permite comer, apenas consumindo alimentos saudáveis. A componente nutricional de cada produto (calorias, nutrientes, vitaminas) é analisada escrupulosamente, interferindo com a qualidade de vida da pessoa uma vez que o seu quotidiano começa a ser vivido em função dos alimentos que pode ou não ingerir.
A ortorexia não é querer ser mais saudável com moderação e bom senso, é uma posição radical de controlo excessivo com a comida, estando a pessoa disposta a percorrer distâncias grandes somente para se certificar que ingere alimentos puros. Isto irá causar uma série de dificuldades sociais uma vez que a pessoa a sofrer desta perturbação pode evitar almoços, lanches ou jantares com familiares e amigos apenas por não concordar com o tipo de alimentos que serão consumidos. As relações interpessoais e afectivas passam por uma erosão uma vez que a pessoa tende a isolar-se, a planear metodicamente as suas refeições, ignorando influências externas para desenvolver outros interesses, podendo entrar num ciclo de ansiedade e até depressão. Assim, a ortorexia pode danificar a vida pessoal e profissional, sendo uma situação que deve ser tratada antes de assumir proporções alarmantes. 
Tem de ser ensinado ao ortodoréxico a comer intuitivamente, a saber quando tem fome e quando está saciado, a por os afectos como prioridade e não manter a dieta o foco do seu mundo e a saber gerir sentimentos negativos como raiva, tristeza, medo e frustração. O ortoréxico pode ainda experimentar dificuldades de concentração e motivação no estudo ou trabalho e carências vitaminais e anemia. Os pensamentos obsessivos como quantas vezes deve mastigar a comida tomam conta do cérebro e deixam pouco espaço a ideias mais frutíferas. Apesar de ser uma perturbação ainda pouco conhecida, por ter consequências sérias para a saúde a nível físico e mental, revela-se necessário procurar a ajuda de profissionais da área. O ideal é a intervenção conjunta de um nutricionista e de um psicólogo para a observação da pessoa como um todo e melhorarem não só a relação com a comida como processos de construção de auto-estima, de interacção social e de apaziguamento emocional. Tudo o que é encarado no extremo é prejudicial pelo que procurar ser mais saudável não deve ser sinónimo viver numa prisão arquitectada pela nossa própria cabeça mas sim procurar equilíbrio, liberdade e bem-estar.

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