Mito: considerações gerais

Os mitos encontram-se na base da nossa cultura. Segundo Platão "O mito é a história sobre deuses, seres divinos, heróis  e descidas em vida após a morte".  Assim, o mito é uma forma de contar histórias sobre a vida do mundo, os deuses e os homens.
Os mitos primitivos podem ser definidos como fantasias, contos, fábulas, como uma fase inferior da civilização humana arcaica que se iria desenvolver no sentido da reflexão racional. O mito em si assenta na tradição de interpretação imediata e reveladora, não é transmitido segundo procedimentos reflexivos e não é aberto a críticas e verificação da razão.
A transição do mito ao logos abre caminho ao aparecimento da filosofia grega assente na prática do pensamento racional. O mito é produto da evolução histórica e cultural do homem, da própria mente e da sociedade em geral. 
Jung via nos mitos arquétipos universais do espírito humano, por detrás dos quais estaria um conhecimento alicerçado na memória de um povo, nas suas raízes e origens, reconhecendo e identificando elementos definidores. 
A finalidade do mito ultrapassa a de pura fábula, é uma resposta para grandes questões da vida, histórias autónomas com significado que conciliam o sobrenatural, a natureza e o ser humano. Formam-se assim relações próximas entre a teogonia (a origem e a existência dos deuses), a cosmogonia (a origem e a existência do cosmos) e a antropogonia (o nascimento e a determinação da nossa humanidade). Racionalmente, os mitos estabelecem ligações entre o início e o fim, contendo o que é cognoscível.
A mentalidade mítica reemerge nos meios de comunicação actual, conectando-se a estruturas profundas da Humanidade. Os mitos antigos que explicavam a origem do mundo, a transição do caos ao cosmos revestem-se de grande violência e conflitos terríveis, diametralmente apostos ao que a Bíblia nos conta sobre a criação feita por um Deus bom numa atmosfera feliz e harmoniosa.
Os mitos são assim tentativas de explicação do mundo, de transmitir conhecimentos e uma moral, assentes na curiosidade que os homens sempre tiveram em compreender o que se passava no seu interior e ao seu redor.


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