Camille Paglia

Camille Anna Paglia, é uma académica, ensaísta, crítica de arte e da sociedade americana. Nascida a 2 de Abril de 1947 é uma intelectual de paradoxos. Apesar de ser ateísta respeita a religião "Esse é o meu lado New Age. Eu realmente respeito o misticismo e a dimensão espiritual, apesar de não acreditar em Deus". É uma classicista que acredita que tanto a arte elitista como a popular exprimem uma visão do ser humano de natureza dionisíaca, particularmente no lado mais obscuro e selvagem da sexualidade humana. "O dionisíaco não é nenhum piquenique. São as realidades ctonicas das quais Apolo foge- a opressão cega da força subterrânea, a longa e lenta sucção, a escuridão e o lodo" afirma Paglia.
Doutorada em língua inglesa pela Universidade de Yale é uma das principais críticas do feminismo, especialmente o puritano e ensina na Philadelphia College of the Performing Arts. Discorre sobre diversos temas nas suas obras como religião comparada, história de arte e cânone literário. Com o sucesso do primeiro livro "Sexual Personae: Art and Decadence from Nefertiti to Emily Dickinson" exibe grande erudição e gera polémica ao desafiar a elite literal, como académicos, grupos feministas e activistas na luta contra a SIDA. O seu trabalho foca-se ainda no ensino da história.
Nas suas obras inclui-se a tese de doutoramento "Sexual Personae: The Androgyne in Literature and Art" (1974). a já referida "Personas sexuais: Arte e decadência de Nefertite a Emily Dickinson" (1990), "Sexo, arte e cultura americana" (1992), "Vamps and tramps: New essays" (1994), "Break, blown, burn: Camille Paglia reads forty-three of the world's best poems" (2005) e "Imagens cintinlantes- Uma viagem através da Arte do Egipto à Guerra das Estrelas" (2012).
Camille Paglia é uma figura polémica pelas ideias que defende. A nível do feminismo, acredita que o movimento se foi desvirtuando e que a mulher deve ser maternal e parar de culpar o homem. Auto-denominada feminista heterodoxa, Paglia ajudou a lançar mundialmente a luta pelos direitos das mulheres nos anos de 1960. Mas, o conflito entre os sexos está no seu entender a levar a que esta geração de feministas sigam sem rumo e sem ideias: "O cenário actual é desanimador, as mulheres vivem um conflito diante de seus diversos papeis". Mais: Camille Paglia afirma que os problemas das sociedades ocidentais se devem a influências negativas de certas correntes do movimento feminista que protegem um estilo de vida burguês, criam uma mentalidade infantil e um ambiente social desumano e antisséptico.
Lésbica, Camille Paglia partilha a educação do filho Lucien de 11 anos com a companheira, a artista Alison Maddex. "As questões de género tal como hoje são ensinadas nas faculdades procuram neutralizar a masculinidade, o que gera homens acanhados e com medo de falar. A masculinidade está a tornar-se algo que se imita a partir do que se vê dos filmes. Já não sobra nada. Deixou de haver espaço para qualquer manifestação de masculinidade". Paglia acredita que a cultura actual é assexuada, que há uma falha estrutural de comunicação entre as mulheres e os homens e que a pornografia é o único meio em que estes podem aceder à sua energia primária.
A ensaísta e professora remata que todas as pessoas, sejam do sexo masculino ou feminino necessitam de estar permanentemente à defesa porque o mundo está cheio de potenciais perigos e ameaças. 
Sobre uma carreira intelectual, Camille Paglia têm vários conselhos interessantes "A primeira coisa é observar constantemente. Durante toda a minha vida tomo notas. Constantemente. Tenho uma ideia, estou a cozinhar e tenho uma ideia. Tenho muitas folhas de papel com molho de tomates nelas ou o que for. Transferi-os para cartões ou transfiro-as para notas. Estou constantemente aberta. Estou ligada o tempo todo. Nunca digo "Isto é importante. Isto não é importante". Também acredito em seguir os próprios instintos e intuições, acho que há algo de significativo nelas. Não sabes o que é mas mantens-la em segundo plano. É isso que o trabalho é, a observação constante. Para além disso, tento dizer aos meus alunos mas eles nunca compreendem essa mensagem é que nada é aborrecido. Se estás aborrecido tu é que és aborrecido". 
Questionada sobre onde devem as mulheres procurar a felicidade, Camille Paglia é enfática "Bom, achar que as mulheres profissionalmente bem-sucedidas são o ponto máximo da raça humana é ridículo. Vejo tantas delas sem filhos porque acreditaram que podiam ter tudo: ser bem-sucedidas e mãos aos 40 anos. A minha geração inteira deu de cara com a parede. Quando chegarmos aos 70, 80 anos acredito que a felicidade não estará com as ricas e poderosas, mas com as mulheres de classe média que conseguiram produzir grandes famílias".

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