"Capitalismo: uma história de amor"

O documentário de Michael Moore "Capitalismo: uma história de amor" (2009) centra-se na crise financeira global de 2007-2009 e na transição do governo de George W. Bush para o de Barack Obama.
Começando com o significado do capitalismo, Moore afirma que este é cada vez mais sinónimo de ganância, exploração e fracasso. O sonho-americano é apresentado quase como uma miragem e a ausência de justiça cada vez mais frequente. O domínio das corporações na vida dos norte-americanos e consequentemente no resto do mundo é fortemente criticado e uma das razões referidas para o crash da Bolsa de Wall Street é a corrupção: empréstimos enganosos, swaps, derivados e fraudes hipotecárias que levaram à não regulação da banca e a falência de bancos poderosos, cujo regaste financeiro foi feito, de forma não surpreendente por todos os cidadãos dos Estados Unidos.
Na opinião do cineasta a democracia no seu país é na verdade uma plutonomia, uma sociedade dirigida para o benefício de 1% da população que detém mais riqueza do que 95% juntos. 
O documentário abre com uma comparação satírica entre a vida moderna e o Império Romano. O despejo dramático pela polícia de uma família que não consegue pagar mais os preços crescentes da hipoteca é apresentado a seguir. Para contrastar com essa tristíssima realidade aparece uma reportagem sobre uma imobiliária que lucra com os imóveis das famílias arruinadas, colocando-os no mercado a preços baixíssimos, o que nos mostra que a perda de uns é a felicidade e a fortuna de outros.
O capitalismo conhece a sua era dourada logo após a Segunda Guerra Mundial mas já o Presidente Jimmy Carter advertia para os perigos do consumismo e auto-indulgência. No governo de Ronald Reagan foi dada maior liberdade às empresas e representatividade política aos seus donos em detrimento dos sindicatos. É de seguida referido o vergonhoso caso dos seguros dos camponeses mortos, um tipo de apólice de seguros que as corporações americanas fazem sob a vida dos seus funcionários, em que se colocam a si próprias como beneficiárias. Uma mulher cujo marido tinha falecido de cancro faz um depoimento emocionante sobre o quanto ter descoberto esta medida foi ofensivo e doloroso para ela. 
Padres católicos são entrevistados e referem que o capitalismo caracterizado pela ambição desmedida de maximizar os lucros é contra os ensinamentos de Jesus Cristo.
Como exemplo de contribuição altruísta para a Humanidade Michael Moore apresenta o caso de Jonas Salk que não patenteou a sua vacina contra poliomielite, abdicando de muito dinheiro nesse processo. O cineasta lamenta ainda os novos estudantes brilhantes americanos que em vez de enveredarem pela ciência escolhem ir para as finanças visando apenas lucros imediatos, naquele que ele descreve como um "casino insano".
Em foco estão também as más condições dos pilotos norte-americanos e o favorecimento de membros importantes do Congresso em empréstimos na Countrywide Financial. Faz-se então uma analogia entre a ruptura de uma represa e o rebentamento da crise económica. Quando Moore questiona para onde foi o dinheiro dos contribuintes que o Congresso autorizou para financiar os investidores falidos de Wall Street, não lhe sabem dar uma resposta.
A película informa que depois da morte do Presidente Frankin Delano Roosevelt, muitas nações derrotadas reformularam as suas constituições segundo as suas ideias para melhoria das condições sociais da população, entre as quais garantir educação, um sistema de saúde e um emprego, à excepção dos norte-americanos. Mostram-se ainda imagens do furacão Katrina e como parece que só os pobres sofrem com os desastres naturais.
A eleição de Barack Obama é referida como o raiar de uma nova esperança, uma vez que este é segundo Moore uma figura mais isenta e fora da influência de Wall Street. Encoraja-se ainda os norte-americanos que devem hipotecas a não abandonarem as suas casas e os trabalhadores a experimentarem o modelo das cooperativas, em que cada um ganha o mesmo valor, até o chefe.
Michael Moore vai por duas vezes directamente a Wall Street com uma carrinha e um saco pedindo que devolvam o dinheiro dos contribuintes e por último com uma fita a envolver todo o perímetro a dizer que esta foi uma cena de um crime. Considera-se que o capitalismo deve ser erradicado a favor de uma forma mais igualitária de governação, que puna os abusos de poder e que a democracia deve ser vivida em pleno, ou seja, o poder deve estar sempre efectivamente nas mãos do povo.

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