Amy


"Amy" (2015) de Asif Kapadia é um documentário britânico das mãos da galardoada equipa de "Senna" que nos relata a história da cantora Amy Winehouse, desde os primeiros passos musicais até à sua morte prematura com 27 anos, por envenenamento por álcool. O documentário inicia-se com Amy, de apenas 14 anos a cantar "Parabéns a você" a uma amiga, Lauren. A sua voz poderosa logo brilha e tanto Lauren como uma outra amiga, Juliette, a aplaudem entusiasticamente. Com 16 anos Amy junta-se à National Youth Jazz Orchestra e ouve-se uma gravação da estrela a cantar "Moon river" de Johnny Mercer. Amy faz uma audição para a Island Records cantando "I heard love is blind" e é imediatamente contratada. Após assinar o primeiro contrato discográfico, Amy muda-se para um apartamento sozinha tentando escapar às turbulências da vida familiar (o pai traíra a mãe com uma colega de trabalho durante muitos anos). Surge o glorioso primeiro álbum "Frank" em 2003 com canções emblemáticas como "Stronger than me", "In my bed" e "You sent me flying/Cherry". Depois da agenda promocional do primeiro álbum, que lhe valeu entre outros um prémio Ivor Novello Amy faz um intervalo que leva à editora ponderar despedi-la. Sem inspiração a cantora frequenta bares e é aí que conhece aquele que viria a ser o seu marido, Blake Fielder-Civil. Este decide deixá-la e voltar para a namorada, o que lança a cantora num período de dor. Amy volta à América e escreve em poucas horas "Back to black" sobre a relação. Outras canções como "My tears dry on their own" são ouvidas neste segmento e evidenciam o talento inegável de Amy Winehouse para o canto e composição. A morte da sua avó, Cynthia Winehouse, afecta-a imenso e agudiza os seus problemas. No entanto, a artista recusa ir para a reabilitação e surge o seu maior hit "Rehab". O que se segue de seguida é o sucesso ofuscante do segundo disco "Back to black" (2006) deixando Amy cada vez mais perdida e isolada na bolha da fama, perseguida diariamente pelos paparazzi. Se antes dissera que enlouqueceria se fosse muito famosa, Amy parece tornar as suas palavras proféticas. Relações problemáticas, auto-mutilação, bulimia, atenção exagerada dos media e a sua queda com o vício de álcool e drogas, culminando na sua morte a 23 de Julho de 2011. Pensamentos de Amy sobre amor, fama, família, amizades e a sua carreira musical são apresentados ao longo do documentário. Canções inéditas como "Detachment", "We're still friends" e "You always hurt the ones you love" (escrita durante as férias em Santa Lucia em que se separou de Blake Fielder-Civil) são também reveladas.
O dueto com Tony Bennett na música "Body and soul" em que uma Amy afirma não querer desperdiçar o tempo do cantor ilustram bem as inseguranças da artista, mesmo com uma voz tão celebrada quanto a sua.
Entra-se num bom período para a cantora, com um novo namorado, um afastamento das drogas e contacto com as amigas de infância mas os demónios de Amy continuam a assombrá-la. Exemplo disso é a sua última actuação, desastrosa, em Belgrado, Sérvia, um mês antes do seu falecimento, em que Amy mostra não querer realmente estar lá. 
A sua morte trágica, com uma quantidade enorme de álcool no sangue, lançou um debate sobre as doenças mentais, a dependência das substâncias e o culto das celebridades que tanto espelham a nossa sociedade superficial feita do que é efémero, chocante e absurdo em detrimento da beleza, da criatividade e do verdadeiro génio, muito do qual residia na malograda Amy Winehouse. Como muito bem disse Tony Bennett "Ter-lhe-ia dito para ir com calma. A vida ensina-te a vivê-la se conseguires viver tempo suficiente".



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