O suicídio de Rosie


Rosie Whitaker, uma rapariga londrina de 15 anos, suicidou-se a 11 de Junho, atirando-se para a frente do comboio que seguia de Victoria a Ramsgate. O trágico evento deu-se numa linha de comboio perto da casa da adolescente em Beckenham, sudoeste da capital inglesa.
Rosie era uma estudante e bailarina bem sucedida, que tinha conseguido um lugar muito cobiçado no Royal Opera House. No entanto, secretamente, travava uma batalha contra a bulimia e visitava sites a favor da anorexia onde conversava com outros jovens perturbados. Descrita como uma rapariga equilibrada e naturalmente feliz, Rosie terá sucumbido a um período de grave stress e de pressão em que estudava para os seus exames finais e procurava superar o fim de uma relação amorosa.
De acordo com o seu blog, que entretanto já foi removido do cyberespaço, Rosie era constantemente atormentada por pensamentos de morte e acreditava não ser fisicamente atraente. Na página, Rosie falava do seu peso, das tentativas de passar fome para emagrecer e postava fotos de modelos excessivamente magras, algumas delas esqueléticas. A adolescente tinha também o hábito de se auto-mutilar com lâminas, cujas cicatrizes deixadas no corpo, eram escondidas da mãe. A música e a escrita eram meios que permitiam à bailarina lidar com os seus demónios e resistir a um sofrimento que a despedaçava. A recuperação vai-se tornando para uma jovem uma impossibilidade e tudo lhe parece horrível e inútil, de acordo com as palavras que deixa registadas.
Em Abril, Rosie, que tinha claramente peso a menos, terá sido chamada de gorda e aconselhada a suicidar-se por uma utilizadora dos sites pró-anorexia que consultava. “Não sei o que fazer. Estou aqui sentada a chorar até não poder mais, a rezar para que as pessoas à minha volta sejam boas” escreveu Rosie, confessando que estava a planear o seu suicídio há três semanas. A jovem acaba por não resistir à infelicidade e desespero que a tinham acometido e pede desculpa no blog horas antes de acabar com a vida.
A família enlutada, insurge-se agora contra sites e comunidades online que encorajam adolescentes frágeis e angustiados a ter comportamentos auto-destrutivos e a acabar com a própria vida. “Ela era uma rapariga linda e popular que trouxe alegria a todos com os seus vários talentos, que incluíam a dança e actuar no Royal Opera House, mergulhar, escrever poesia e tocar poesia”. A família ressalta a vontade de Rosie de seguir uma carreira em que pudesse ajudar os outros e o quando era amada na sua curta vida. Os pais de Rosie planeiam lançar uma campanha contra sites de apoio a distúrbios alimentares, comportamentos auto-destrutivos e suicidas, em tributo à filha perdida. Os sites que a adolescente consultou serão examinados e compilados num relatório para as autoridades. “Esperamos que a sua morte trágica funcione como um aviso a outros adolescentes impressionáveis e aos seus pais de que estes sites representam graves riscos” concluíram os progenitores.
Muitos amigos e colegas de Rosie deixaram flores e bilhetes em sua homenagem na estação de Beckenham. A perda da jovem é descrita como um momento muito difícil e de profunda tristeza. “Estás em paz agora e vou lembrar-me de cada momento que passei contigo quando encheste a minha vida de felicidade”, foi um dos elogios fúnebres feitos na Internet à malograda jovem. Rosie foi adjectivada como sendo uma pessoa muito simpática, talentosa, inteligente, inspiradora e doce.
Especialistas em saúde mental alertam para à influência que os sites com conteúdos pró-anorexia, bulimia, auto-mutilação e suicido exercem em pessoas vulneráveis, que necessitam urgentemente de ajuda para ultrapassar os problemas que os afligem.

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