Superar um divórcio


Terminar uma união que se consagrou formalmente com juras solenes e troca de igreja, perante o resto do mundo e Deus, revela-se uma etapa duríssima na vida de qualquer pessoa. A ruptura traz consigo um sentimento de fracasso de um plano que se construiu a dois, de sonhos para o futuro, de um amor em que se investiu tempo, energia e em nome do qual, se entregou corpo e alma. A ansiedade, stress e sofrimento de um fim de casamento costumam ter consequências negativas, é um fechar de um ciclo de vida que requer um processo de reavaliação pessoal, de luto.
Não adianta procurar soluções fáceis que anestesiem essa dor, o alívio é apenas temporário e logo as feridas se tornam mais marcadas e presentes. Reagir aos pensamentos negativos e arrasadores é um dos primeiros passos para não sucumbir ao desespero e voltar a agarrar a vida, por tudo que ainda tem de bom e valioso.

Quando há filhos envolvidos, a preocupação e sensação de culpa por separar a família aumenta exponencialmente. A felicidade destes últimos deve ser a directriz última do casal, que no meio desta nova ordem familiar, devem conseguir reorganizar-se e encontrar um ponto de abrigo. Sabemos que os mais novos são facilmente permeáveis, absorvem o ambiente como esponjas e ficam profundamente marcados pelos exemplos que recebem nos primeiros anos de vida.

Para as pessoas que se auto-definem numa dependência completa com os seus cônjuges, o divórcio afigura-se como uma fase extremamente assustadora e tortuosa. A identidade formada em conjunto ardeu em cinzas e à frente só se consegue ver um precipício de frio e escuridão. Não tem de ser assim. No fundo, todos somos mais parecidos do que parecemos e debaixo da força e segurança exterior, escondemos uma parte tão fina como cristal que ao fragmentar-se, causa danos que não podem ser subestimados.

É importante trabalhar nas fundações que fazem sentir inteiras e apoiadas, nomeadamente a família e os amigos, para que não haja tendência a um isolamento nefasto e auto-ostracismo social. Com algum distanciamento, começa a olhar-se para o passado com menos amargura, a reconhecer os aspectos que não resultaram na relação anterior, a fazer novas descobertas e ter vontade de viver, enfim fazer novas memórias. 

Pode-se lidar com o divórcio de diferentes formas: apostando na carreira profissional, nos tempos livres ou em projectos completamente novos. Independentemente da técnica escolhida, o cada pessoa deve encontrar um método que funcione para si, que seja terapêutico e libertador, para poder continuar a lutar e trilhar novos caminhos. Seguir em frente não implica esquecer em definitivo mas sim aceitar e conseguir encarar o futuro com uma atitude positiva, de reestruturação e de esperança. É preciso coragem para mudar, deixar de lado idealizações que ruíram e superar um desafio tão imenso e quase esmagador.
É importante continuar a ter sede de amor, auto-realização e compreensão porque afinal todos podemos enganar-nos e acabar com o coração partido e nem assim perdemos o direito de ser felizes, como qualquer habitante desta terra.

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