Geração Beatnick




 

Um dos mais importantes movimentos sócio-culturais dos anos 50 e 60 do século XX foi os beatnicks. A nomenclatura deste grupo deve-se ao escritor Jack Kerouac que baptizou de "geração beat", os jovens anti-materialistas e inconformados do pós-guerra nos Estados Unidos da América. 
Para alguns, "beat" referia-se a um submundo, uma vida social intensa de festas, drogas, diversão e alguma marginalidade. Para Kerouac, mais do que um estilo de vida, "beat" aplica-se a uma dimensão espiritual, a um estado de espírito e ideais particulares: "A Beat Generation foi uma visão (...) de uma geração de loucos, iluminados hipsters (...) a vadiar e a pedir boleia em todo o lado, esfarrapada, beatificada, bonita de uma nova forma graciosamente feia". Esta palavra pronunciada nas esquinas nova-iorquinas, era, a seu ver aplicada aos excluídos, oprimidos, solitários que olhavam "para fora da janela da parede nua da nossa civilização".
A designação "beatnick" foi citada pela primeira vez num artigo da San Francisco Chronicle. O jornalista Herb Caen adicionou-lhe o sufixo russo "nik", quando passava meio ano desde o lançamento do satélite artificial Sputnick.
A cultura beanick ficou fortemente implantada no subconsciente colectivo americano, com estratégias comerciais apelativas alicerçadas numa imagem visual tais como poetas deambulantes com um estilo de vestir e forma de falar muito próprios, por exemplo. 
Numa primeira fase, "beat" era aplicado à literatura, cultura e atitude enquanto que "beatnick" se referia a figuras estereotipadas e distorcidas pelos meios de comunicação social. O consumo de marijuana e outras drogas ilegais, com os seus efeitos e visões alucinatórias foram apontados, abusivamente, pelos media como uma imagem de marca dos beatnicks.
A cultura beat lançou dúvidas, partilhou angústias, insatisfações, planos e lamentou o estado intelectual, político e social do mundo. Clichés e más interpretações à parte, beatnick espelhava os sentimentos conflituosos de muitos americanos, o anseio pela diferença e de ser pessoas melhores e de mudarem o estado de coisas ao seu redor. 
Os Beatles, The Mammas and Papas e Pink Floyd são duas bandas musicais associadas ao anti-materialismo desta época bem como cantor americano Bob Dylan.O jazz tornou-se um estilo musical muito apreciado, sinalizando a abertura às influências afro-americanas. Religiões orientais como budismo e taoísmo também tiveram influência em escritores desta geração. 
O estilo masculino mais divulgado apresentava homens a usar boinas, com pêra, a fumar cigarros ou a tocar bongos. Para as mulheres, a moda ditava indumentárias simples e cabelos compridos e sem adornos, para sublinhar o despojamento e a não-subjugação às normas de beleza da época. Anti-capitalista, contra a cultura vigente e de políticas tendencialmente liberais, a geração beatnick encontrou expressão em ícones do cinema como Marlon Brando e James Dean, em filmes como "The Rebel", "Into the wild", "The Beatnicks", "The Beat Generation" e na comédia da Brodway "The nervous set". Nos populares desenhos animados "Sooby-Doo", a personagem Shaggy é um beatnick.
Jack Kerouac conclui "É por causa de ser um beat que eu acredito que está na beatitude (...) Quem sabe na verdade, se o Universo não é um vasto mar de compaixão, o verdadeiro mel sagrado, debaixo desta mostra de personalidade e crueldade".

 



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