A obra de Júlio Resende


Júlio Resende, considerado um dos maiores pintores portugueses contemporâneos nasceu a 23 de Outubro de 1917, no Porto. Faleceu a 21 de Setembro de 2011 em Valbom, Gondomar, aos 93 anos de idade.
Diplomou-se em pintura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em 1945, onde teve como mestre o pintor Dórdio Gomes. Quatro anos depois apresenta os seus quadros na I Exposição dos Independentes e parte no mesmo ano para Paris, onde aprofunda os seus conhecimentos da arte. Ao regressar demonstra obras influenciadas pela corrente expressionista e lírica, numa encruzilhada de perspectivas diversas. Outra das influências determinantes foi a passagem por Madrid, onde Júlio Resende admirou as obras da chamada "fase negra" de Goya e se firmou nas temáticas neo-realistas, que a seu ver eram a mais simplistas, que inspiravam confiança e verdade.
Com algumas marcas do cubismo, o pintor instala-se no Alentejo e mais tarde no Porto, trabalhando entre o geometrismo, não figurativismo, gestualismo e neofigurativo. Teve uma obra ecléctica: pinturas a fresco, vitrais, painéis cerâmicos, cenários teatrais e ilustração de obras literárias. Nos seus quadros é possível encontrar uma dimensão social e humanista. "Tudo o que sei aprendi com o meu semelhante, desde o mais humilde ao mais sábio", frisou.
Artista de transição entre a tradição figurativa e abstrata, os trabalhos de Júlio Resende distinguem-se pela dinâmica, plasticidade, malhas em formas de triângulos e quadrados. Afirma-se também como “grande mestre da pintura portuguesa” no ensino, ao ser professor na Escola Superior de Belas-Artes do Porto e a partilhar com os alunos a vasta gama de saber acumulado pela experiência.
Algumas das suas obras mais notáveis são: “Caminhantes” (1950), “Lavadeira” (1951), “Mendigos” (1954), “Moça” (1982), “Ribeira Negra” (1984) e o conjunto de azulejos no Instituto Português de Oncologia do Porto (1992). De entre os prémios conquistados por Júlio Resende destacam-se o Prémio Nacional de Pintura da Academia de Belas-Artes, Prémio Sousa Cardoso, Prémio Especial da Bienal de Arte de S. Paulo e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1997). Foi responsável pelo painel cerâmico na Estação de Sete Rios do metropolitano de Lisboa.
Criou a fundação Júlio Resende, instituição privada de utilidade pública com mais de dois mil desenhos da carreira do artista e onde também se realizam outras exposições temporárias, concertos, conferências, cursos, etc. O espaço foi baptizado de "O Lugar do Desenho" e segundo Resende, deveria fomentar o dialogo entre as pessoas, o colocar questões, sempre com um sentido de responsabilidade. 

Para o artista, a arte era um sinal de vida, uma contribuição para um mundo melhor e o acto de pintar era tão natural como respirar.
Júlio Resende era conhecido pela cordialidade, perfeccionismo, sensibilidade e inquietação que o motivaram a continuar a criar até ao final da vida. Outra qualidade predominante no pintor era a humildade. Ao ser ouvir que tinha tido na arte portuguesa contemporânea a mesma dimensão que Picasso teve na arte internacional do século XX respondeu enfaticamente “Que semelhanças podem encontrar? O Picasso não procura, o Picasso encontra. Eu procuro, continuo à procura”. Agora cabe ao público em geral encontrar e apreciar as suas pinturas, que tanto relevavam a grandeza de Júlio Resende, enquanto ser humano e criador.














Comentários

  1. Só quem viu de perto a pintura de Júlio resende é capaz falar da euforia das cores e matizes,forma s tão ingênuas com carga cromática tão vibrante.......me orgulho de ter tido muitas vezes esse prazer....Yosseph-Brasl

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