Tipos de neurose


Na sequência do meu post anterior sobre as neuroses, este centra-se mais especificamente nos seus tipos e características. 
Este distúrbio pode apresentar-se sob quatro formas clínicas: neurose ansiosa (com a presença em excesso ou inadequada de ansiedade), neurose fóbica (com reacções de medo demasiado intensas em relação ao objecto ameaçador), neurose obsessivo-compulsiva (caracterizada por comportamentos indesejáveis e exagero a nível de sentimentos e impulsos) e por último, a neurose histérica (uma manifestação corporal e mental de conflitos psíquicos inconscientes). 
A neurose histérica caracteriza-se por alterações transitórias da consciência, tais como período de amnésia ou perda de memória, manifestações sensitivas ou motoras passageiras ou perturbadoras (tiques, paralisia dos membros, convulsões, etc). A histeria é mais frequente na população feminina e é reflexo de uma personalidade vulnerável, com tendência para ser o centro das atenções e para ser demasiado dependente das relações com os outros. Crê-se que a nível psicológico as características histéricas sejam causadas por conflitos vividos na infância que foram sendo reprimidos e que são despoletados inconscientemente, por qualquer motivo e afectam a vida actual do individuo. A personalidade histérica em si é considerada crónica mas, a menos que os sintomas sejam predominantemente físicos, a neurose deste tipo não costuma durar muitos anos. A nível mental os episódios mais frequentes têm a ver com perdas selectivas de memória, desdobramentos da personalidade, alucinações, crises de perda de consciência, alucinações, etc. Fisicamente, os episódios somáticos podem chegar a afectar, com maior ou menor gravidade, o funcionamento do organismo.


A neurose obsessiva prende-se com o desenvolvimento de ideias fixas, persistentes e incontroláveis. Pode dizer respeito a receios injustificados, irracionais e de carácter compulsivo. É mais comum nos homens e em pessoas muito inseguras, superticiosas ou questionadoras. Situações limite no foro afectivo, social ou profissional costumam despoletar estes comportamentos, a que se associa um grande sentimento de culpa. Uma educação demasiado focada na moral, ordem ou higiene contribuem para formar uma personalidade obsessiva
Existem três tipos de manifestações de neurose obsessiva: ideias obsessivas, receios obsessivos e actos compulsivos. As ideias obsessivas são geralmente injustificadas, de presença constante, que causam perturbação e dor. Dizem respeito a situações de dúvida, sem conseguirem ter soluções práticas e respostas adequadas e podem ser de natureza física, religiosa, de ordem das coisas, da passagem do tempo, de carácter metafísico, etc.
Os receios obsessivos manifestam-se normalmente após qualquer sinal interpretado como mau, que é posteriormente distorcido das reais proporções. Os actos compulsivos são rituais complexos, elaborados e guiados por superstição com o objectivo de evitar situações de perigo. Como tal a pessoa faz verificações excessivas como lavar as mãos constantemente ou realizar determinados gestos para atrair a boa sorte. Quando os sintomas são apenas pontuais e ligeiros, a evolução desta condição costuma ser positiva. O perigo maior é quando as ideias, receios e actos obsessivos tomam conta da vida do indivíduo afectado, retirando toda a sua energia e capacidade de funcionar. A realidade é alterada pelos sintomas patológicos, o que pode comprometer a saúde física e mental bem como a integridade pessoal da pessoa.
Os traços neuróticos de um individuo, para além da personalidade predisponente, são agravados com situações conflituosas no meio familiar, social, cultural, educacional, que provocam sintomas de desadaptação, angústia e lesões internas.


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