Setembro negro

A Guerra dos Seis Dias (em que Israel se debateu contra países como a Síria, Egipto, Jordânia teve como resultado um aumento exponencial dos refugiados palestinianos. Para fazer face ao exército israelita, organizações da Palestina desenvolveram métodos de terrorismo e guerrilha. Dentro destas destaca-se a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), a que Yasser Arafat assumiu a liderança a partir de 1969. Este era também líder do Fatah, “Movimento de libertação nacional dos escravos liderados pelo povo da Palestina”, uma das maiores facções da OLP, organização política e militar, fundada em 1964.
A príncipio a Jordânia mostrou-se favorável a receber militantes e guerrilheiros palestinianos e concedeu-lhes assistência e locais para treinarem as suas técnicas de ataque. Contudo, rapidamente os refugiados se tornaram um grande problema, desafiando as leis do país e disputando o controlo político do país com o governo. Estava a criar-se, literalmente, um Estado dentro do Estado, com os palestianos a receberem armas e fundos através de aliados árabes ou do oriente Europeu.
Israel continuava a atacar com precisão alvos palestinianos, como a aldeia jordaniana de Al Karamah, considerada a “capital da guerrilha”. A OLP torna-se aceite pela generalidade da comunidade árabe. A organização concluiu que a Cisjordânia não podia disponibilizar o apoio necessário às suas operações militares e a população civil palestiniana não constituia uma resistência armada significativa à ofensiva israelita. Consequentemente, a partir de 1968, os objectivos do grupo focam-se na queda do rei Hussein, que acreditavam ser mais leal ao Ocidente. Após uma tentativa em vão de desarmar os campos de refugiados e de evitar a guerra civil, as operações israelitas continuam a ser particularmente duras para o território jordano.
Em 1970, a guerrilha palestiniana controlava posições importantes como uma refinaria de petróleo nos arredores de Zarq, convocaram uma greve geral, levaram a cabo uma campanha de desobediência civil e de sequestro de aviões. A autoridade de Hussein estava a ser cada vez mais posta em causa.
O exército da Jordânia inicia então a 16 de Setembro um conflito com a OLP, com a finalidade de expulsá-la do país. O país entra em lei marcial e Hussein confere plenos poderes ao coronel paquistanês Muhammad Zia-ul-Haq, que ordena aos palestinianos que larguem as armas e abandonem as cidades jordanas. Mais tarde nesse mesmo dia, Arafat passa a ser braço militar da OLP e comandante supremo do Exército de Libertação da Palestina (PLA).
Estala a guerra civil no país, com a Síria a oferecer auxílio à Palestina e Israel a colocar-se ao serviço da Jordânia. O número de vítimas varia consoante o órgão de comunicação consultado, com a Jordânia a referir 3 400 vítimas e a Palestina a referir 10 000 mortos. O Egipto considerou, posteriormente ter ocorrido genocídio.
Depois de perderem uma parte significativa dos seus armamentos, os palestinianos aceitam assinar um cessar fogo a 25 de Setembro, com um acordo de paz assinada a 27 de Setembro, no Cairo. Neste tratado, era reconhecido o direito das organizações palestinianas de operar na Jordânia, com a condição de não estarem presentes nos centros urbanos. No dia seguinte, 28 de Setembro, o presidente do Egipto, Gamal Abdel Nasser morre de ataque cardíaco e em consequência a OLP perde a protecção árabe. Arafat, com os seus poderes seriamente reduzidos, acede então a desmantelar as bases militares e proibir as forças de usarem armas não permitidas pelo governo da Jordânia ou de tentar usurpar o controlo do estado. Todavia, o acordo não é aceite por outras facções palestinianas.
As medidas restritivas por parte do governo jordano fecham o cerco aos revoltosos palestinianos: são confiscadas armas ilegais, é reforçado o controlo sobre as cidades, estabelece-se o toque obrigatório de recolher e prendem-se rebeldes. O exército consegue por fim recuperar o controlo sobre as últimas bases da OLP, cidades como Jerash e Ajloun e expulsa estas facções para o Líbano. O conflito armado termina oficialmente em Julho de 1971, tendo como principal consequência a emigração palestiniana em massa.








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