Desconstrutivismo filosófico
A teoria desconstrutivista foi desenvolvida pelo filósofo francês Jacques Derrida (1930-2004), em colaboração com Peter Eisenman e deu origem a um movimento literário marcante do século XX. Derrida distanciou-se de correntes em voga nos círculos intelectuais da sua época para criar o conceito de desconstrução em meados de 1960. A corrente desconstrutivista foca-se na crítica da tradição filosófica ocidental, analisa textos específicos e procura demonstrar, subverter ou opor asserções inerentes ao modo de pensar dominante e generalizado. Todavia, esta estratégia nem sempre visa a negação.
A desconstrução, no aspecto literário, aplica-se à interpretação textual, na procura de significados alternativos dados pelas palavras; ou seja, ler as entrelinhas na escrita e actos de fala. No campo filosófico, o foco desta teoria é a metafísica da presença. Derrida defende que desde Platão que a metafísica é uma preocupação fundamental dos filósofos e na qual se encontra instalada oposições dicotómicas e hierárquicas. É criticada o detrimento do vazio face à presença e da escrita face à fala.
Esta corrente filosófica visa reverter dicotomias, reverter paradoxos, mostrar a falibilidade de asserções aceites pela generalidade das pessoas, no fundo, como os pensamentos que parecem mais válidos podem estar corrompidos. Jacques Derrida reflectiu também na ética, especialmente na responsabilidade perante o outro (Deus ou um ente querido). Para ele, a responsabilidade estava associada publicamente a um comportamento e era racionalmente justificada por princípios universais. Histórias da tradição judaica estiveram na base destes trabalhos de Derrida.
O desconstrutivismo influenciou largamente diversos ramos do conhecimento: teoria literária, psicologia, filosofia, estudos culturais, linguística, feminismo, sociologia, antropologia e arquitectura. No aplicação à arquitectura, defendia que esta última era uma linguagem capaz de comunicar e transmitir significados, que deviam ser tratados por métodos linguísticos e filosóficos. Neste contexto desenvolveu-se a dialéctica da presença, dos projectos sólidos e vazios, tanto construídos como por construir.
Jacques Derrida dedicou-se minuciosamente a reverter oposições existentes, valorizar as palavras escritas como símbolos utilizados ao longo do tempo e uma conduta de significado tão pura e tão valida como o discurso oral. Na sua obra mais famosa, “Gramatologia”, Derrida tenta ilustrar a importância da escrita através da sua antiguidade para veicular mensagens. O seu pensamento caracteriza-se pela inovação, rigor e profundidade. Introduziu inúmeros conceitos originais na filosofia tais como indecibilidade, ou seja, qualquer teoria tem um limite e incompletude inerente às suas impossibilidades. A verdadeira responsabilidade, na metafísica concebida por Derrida, transporta consigo uma exigência ético-política, as decisões são fruto de um processo de deliberação em que os actores se vêm numa situação que os transcende inevitavelmente. Nestas operações, a verdade e a justiça poderia estar alicerçada justamente nessa intangibilidade.
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