Teorias de vida

Há diferentes formas de viver, adequadas à personalidade, crenças e objectivos de cada pessoa. Entre elas destaco aqui o hedonismo, epicurismo, estoicismo, existencialismo, niilismo e ataraxia.
A filosofia hedonista (do gredo edonê que significa prazer) defende o prazer a essência que deve orientar a vida humana e é através dele que atingimos o bem-estar, saber e felicidade supremos. A doutrina do hedonismo considera que o moral é tudo o que poder conferir prazer e a imoralidade é tudo o que cause dor. Esta corrente de pensamento nasce da observação simples de que todos os homens querem fugir ao sofrimento e ter uma vida de satisfação.


O epicurismo, fundado pelo grego Epicuro, é uma interpretação menos extrema da doutrina hedonista, com preocupações éticas, tendo a vida simples e de tranquilidade como principal objectivo. Os epicuristas defendem a busca de prazer mas de forma moderada. As gratificações imediatas são consideradas enganadoras e pouco benéficas. O ênfase desta doutrina é na ausência de sofrimento corporal, libertação de medos vários (da morte, dos deuses e dos destinos), fazendo como o mundo funciona e a distinguir os desejos que podem causar bem e os que podem ser nefastos para o homem. Segundo em Epicuro a felicidade humana assentava em três pilares básicos: liberdade, amizade e tempo para filosofar.


O estoicismo destaca-se pela crença de que o Universo é governado por uma razão (Logos) divina que cria, ordena e influencia todas as coisas, transformando o mundo num cosmos (termo que em grego significa harmonia). Fundada por Zenão de Cítio, esta dourtina salienta a necessidade de aceitação e obediência às leis naturais, que racionalizam o mundo, sem nos deixarmos peturbar por nada do que é exterior a nós. O homem deve ver-se a si próprio como uma pequena peça na grande ordem e finalidade universal, vivendo todos os momentos bons e maus, num estado de calma e paz. Um dos exemplos do estoicismo encontra-se no budismo tântrico japonês.


O niilismo (do latim nihil que significa nada, vácuo) é uma corrente de pensamento que como o próprio nome indica é destitúido de crenças e convicções, que perdem a sua finalidade nem oferecem respostas satisfatórias ao índividuo. Há geralmente nesta doutrina uma desvalorização do sentido latente às coisas e renegação dos valores metafísicos, apesar de poderem haver vários tipos de niilismo, um pouco distintos entre si. Um dos nillistas mais conhecidos, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche defendia a negação da existência de Deus e a finitude da vida, com a morte biológica do indíviduo. Perante a ausência deste tipo de crenças, o ser humano deveria afirmar-se como um criador de valores e encarar a existência como um processo de Eterno Retorno, em tudo se repete ciclicamente e nos faz questionar a forma como escolhemos viver a nossa vida.



O existencialismo, desenvolvido pelo escritor Jean-Paul Sartre, tem como pensamento principal que a existência precede a essência e o ser humano não é definido por Deus ou por uma natureza que lhe seja inata. Temos inteira responsabilidade pelo que somos e pelas acções que desempenhamos no mundo. O homem é um projecto em si próprio, que se irá moldar no futuro, consoante os seus actos e comportamentos e escolhas. Uma frase muito célebre de Sartre é que o homem está condenado a ser livre, ou seja, deve assumir em absoluto o peso e a consequência das suas acções e construír-se a si mesmo.



Conceitos subjacentes a algumas das teorias acima mencionadas são os de apatia e a ataraxia. 
A apatia caracteriza-se  pela indiferença e imperturbalidade face face aos desejos, coações e aos destinos bem como do modo como se encaram as adversidades, sem demasiada intensidade nem paixões exarcebadas, buscando a serenidade interior. Surge ligada ao estoicismo, na medida em que promove uma disassociação da identidade individual com estados de sofrimento. 


A ataraxia, ligada ao epicurismo, estoicismo e à defesa da aponia (ausência de dor física) remete à tranquilidade da alma,  num equílibrio estável a nível emocional e espiritual, contenção nos prazeres sensuais e terrenos.Os desejos são aplacados por um profundo estado de harmonia e quietude interior.

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