Tecnodependência

A tecnologia é um aspecto definidor da actualidade. Constantemente surgem inovações e aperfeiçoamentos nos modelos existentes, somos levados a crer que necessitamos deste aparelho ou daquele para estarmos perfeitamente integrados na Sociedade e a par das mudanças. Afinal, todos queremos parecer em cima dos acontecimentos e não que ficamos escondidos numa caverna nas últimas décadas. Tudo isso pode levar, além de a gastos excessivos ou desnecessários com coisas que rapidamente passam de moda ou são facilmente substituíveis, a que sintamos uma conexão sufocante e pouco saudável com a tecnologia que utilizamos. 
Já imaginamos viver sem telemóvel, computador, máquina digital, aparelhos de reprodução musical e só essa ideia nos deixa angustiada. Quanto algum deles se avaria é como se subitamente o relógio tivesse parado, o tempo custa mais a passar, andamos melancólicos e ansiosos, contando os dias para voltarmos a ter de novo o objecto em nossas mãos ou então, podermos comprar um novo e mais moderno.
O facto é que temos assistido um progresso sem precedentes na chamada revolução digital, que provoca também uma mudança na maneira como comunicamos e difundimos conhecimentos, arte e cultura. O acesso a tudo tornou-se incrivelmente rápido, os conteúdos parecem ilumitados, o que causa problemas a nível de selecção e filtração do que se deve saber, já que nem todos sabem analisar criticamente a grande massa de informação. A globalização e profunda interacção e ligação com o mundo levantam o problema de saber como conjugar tantas ferramentas a nosso dispor, tanta quantidade informacional que muitas vezes pode ser contraditória e sobretudo, sabermos nos situar  como pessoas no mundo com escolhas próprias e não dominadas pelas matrizes. Antes de todos os suportes tecnológicos, está a nossa personalidade, modo de ver e particulariedades, o que irá inevitávelmente fazer com que a relação que estabelecemos com todo e qualquer mecanismo se revista também de subjectividade. 
Em suma, a tecnologia pode ser muito útil e benéfica mas não nos deve impedir de pensar, de estarmos em contacto com a nossa identidade, criatividade e valores, de podermos simplesmente desligar-nos de tudo, respirar fundo e dar um passeio pelas ruas da cidade ou pelo campo sem pensar que o mundo vai avançar sem nós e que perdemos o comboio da modernidade.



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