Solidão num relacionamento

Muitas vezes ter uma relação com alguém não é garantia de que nos vamos sentir sempre acompanhados, confortados e em harmonia completa com essa pessoa. Pelo contrário, há algumas em que as individualidades de cada um saltam à vista e deixamos de nos ver como uma parte de uma dualidade para nos vermos como entidades estanques, separadas. A solidão pode surgir devido a problemas no relacionamento. Pode também não ter nenhuma causa aparente, que não uma passagem da vida interior. Em vez de fazermos destes momentos um drama, podemos utilizar-nos para fortalecer a nossa própria personalidade e o relacionamento com a outra pessoa, já que é neles que se vêem muitas vezes, coisas importantes que estavam ocultas aos nossos olhos.
Na nossa procura por intimidade e proximidade verdadeira, podemos desejar tão intensamente ser amados e apreciados que não entendemos que o somos, ou seja, o nosso desejo de ter tudo pode-nos impedir de ver e dar graças por aquilo que já temos. Na pressa de chegar cada vez mais alto, podemo-nos atravessar no caminho da nossa felicidade, em vez de usarmos a coragem, ficarmos presas ao medo de sermos rejeitadas, neglienciadas ou de simplesmente, não sermos a prioridade na vida do nosso parceiro.
Os nossos pensamentos constroem o mundo em que a habitamos, a nossa cabeça tanto pode ser a nossa melhor amiga como a pior das carcereiras. Uma maneira de destruírmos o que há de positivo de um relacionamento é esperarmos que este seja a única forma de nos sentirmos felizes e realizadas, acumularmos listas de exigências e expectativas para aquilo que queremos que este seja. Ao exercermos esse tipo de pressão, esquecemo-nos que o amor é uma entidade livre, que não pode ser controlada nem manipulada, existe naturalmente e segue o seu curso, tal como a nascente de um rio. E, pior do que isso, esquecemo-nos que há alegria para além de um relacionamento, de um corpo que se partilha e de uma alma que se conhece, que ainda pertecemos a nós próprias e ainda temos a nossa alma e sonhos a realizar exteriores a esse amor.
É díficil desligarmo-nos das nossas ideias pré-concebidas de como um relacionamento deveria ser: união total, coordenação plena, um equílibrio perfeito. A realidade não funciona assim porque a vida é feita de pequenas imperfeições, frequentemente muito bonitas, que nos mostram a preciosidade do que temos. Relacionarmo-nos com alguém permite-nos libertar da servidão do ego e aliviarmos o peso do mundo nos nossos ombros mas também nos pode afastar da clareza e de uma boa auto-percepção. Por isso, quando há momentos de solidão num relacionamento, devemos utilizá-los para pensar. Pensar em tudo que somos e que queremos ser, como indíviduos e como parte da nossa conjugação amorosa. Devemos aproveitar esse tempo para a auto-aceitação, para ficarmos perto de nós mesmas, para confiarmos na nossa intuição, visão e sentidos. Se não nos afogarmos em auto-comiseração e tristeza, poderemos descobrir que estar solitário pode ser muito fértil e renovar a nossa energia, concentração e dedicação a um universo para além do nosso amor mas que não deixa de contribuír para o embelezar, polir e deixar florescer. Assim, poderemos aproveitar ainda melhor os momentos passados a sós com a nossa pessoa especial.

Postal disponível no site: http://www.valentinescards.co.uk/

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