Amor no reino animal

Dizem que os seres humanos se distinguem dos restantes animais por serem racionais. Mas basta observar com atenção o comportamento de outras espécies, como mais notoriamente os primata e canina, para constatar que estes obedecem a uma lógica plausível e irrevogável. Todos temos um agudo instinto de sobrevivência, não será altamente discutível dizer que o Homo Sapiens é mais complexo que os outros animais? Afinal, quem é que sabe o que vai na cabeça deles?
Dizem que os seres humanos são os únicos animais da natureza que têm a absoluta consciência de que vão morrer eventualmente. Mas basta observar um animal a agonizar num consultório de veterinário ou na rua, com uma doença incurável para pormos em causa essa crença.
Os outros animais estabelecem os seus laços sociais também, têm um sistema de comunicação aperfeiçoados ao longo dos séculos e são capazes de experienciar sensações e sons tais como nós. A civilização humana inventou a comunicação verbal para descrever uma infinitude de matérias, numa linguagem sofisticada. Os animais comunicam apenas por sinais ou signos difundidos através do campo sonoro. A eficácia de cada uma destas deveria ser, idilicamente semelhante, mas infelizmente nem todas as pessoas conseguem aprender a decifrar o significado de um texto e a expressar-se bem de forma oral ou escrita. Comunicar não é uma arte inata, tem de ser aprendida, vinculada pelos pares e pela sociedade. Se a transmissão dos conhecimentos tiver falhas, a aprendizagem ficará também aquém do desejado.
Ainda acerca da nossa capacidade de expressão por palavras penso que temos tendência para tentar explicar de uma forma hermética um multiplicidade de situações cuja essência é impossível de ser perfeitamente definida. Dentro desse campo, as emoções e os sentimentos destacam-se. Todos tentamos demonstrações formais de afecto e acabamos com uma certa frustração. Grandes poetas escreveram sonetos admiráveis acerca do amor mas mesmo assim, há muito por dizer porque há muito, na mente e no coração do Homo Sapiens, que ainda não conhecemos.
No reino animal as demonstrações de afectividade baseiam-se na simplicidade de apenas ser e estar com o outro, dando-lhe carinho e protecção na sua jornada em comum.
Vejamos alguns exemplos:
Este adorável casal de elefantes ilustra bem um dos elementos base de um relacionamento: partilha. Observamos um momento de cumplicidade que evidencia a união destes animais e o quanto estes se sentem confortáveis juntos.
As zebras da savana africana são frequentemente atacadas por leões e outros predadores, fazendo uso da velocidade e agilidade física para conseguir escapar. Num instante de aparente segurança, estas duas zebras detêm-se, com uma delas a repousar o focinho no corpo listrado da outra. Aqui salta-nos à mente outra coisa que o amor deve ser: apoio. Precisamos de alguém que nos dê suporte mental e físico porque todos os dias podemos ser derrubados pelas agruras da vida.

Estes dois lindos exemplares de focas marinhas fazem-nos pensar numa das características fundamentais de um relacionamento: a fruição, ou seja, o casal deve desfrutar de forma prazeirosa o tempo que passam juntos, construindo e estreitando os laços entre eles.
A afectividade é feita de compreensão mútua e de vontade de ter alguém ao nosso lado enquanto o vamos conhecendo melhor. Enquanto nos vamos conhecendo melhor a nós próprios e o que significa ser humano e viver a vida.

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