Entre parentesis

Dispersa, a tentar ir em mil e uma direcções mas sem sair do mesmo sítio, os pés colados ao chão. Tão insignificante como uma gota no oceano, parte ínfima de um todo que é magnificente e especial. Como poderia a vida ser mais fácil? Se não arriscasse e vivesse numa cega zona de conforto, se delegasse funções que só eu posso desempenhar, se desistisse antes da tentativa. Sim porque acima de tudo não gosto de pensar em mim mesma como cobarde. Posso não ter nascido para triunfar mas nasci de certeza para tentar. 
A vida é sempre bela, no meio da felicidade e do caminho mais doloroso porque não tem repouso, vamos sentindo aos poucos o seu perfume e deixamos que nos impregne as roupas, os sentidos, a pele. Aprendemos a viver por exemplo, por imitação, desde o nosso nascimento até à nossa morte certa. Pelo meio fica um parentesis em que podemos quase tudo: ser quem somos, voar na liberdade e essência dos nossos sonhos, saltar a distância que os separa da realidade. Podemos escolher ser moles e facilmente derrotados ou ossos duros de roer, que sacudem a poeira depois de terem sido violentados e não se dão por vencidos. A esperança, essa, é inalienável, ninguém nos pode roubá-la, é nossa por direito.
Por vezes sinto que vivo um parentesis dentro de um parentesis, isto é, que isto é só um aparte até a minha real começar de verdade. Tantos projectos que escrevo em blocos de notas, que se acumulam em pastas do computador sem nunca serem explorados até ao tutano e desenvolvidos propriamente. Todos precisamos de uma certa rotina, algo pelo qual acordar, algo pelo qual respirar e viver. E todos os desafios que existem no nosso mundo não têm de ser motivo de stress, dor e pressão. Estamos vivos, somos postos à prova, continuamos em jogo. E isso é a maior benção de todo este (infinito ou finito) Universo. 

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