Gatilhos emocionais Parte I

Os gatilhos emocionais podem ser descritos como uma reação desproporcional ao evento que a desencadeou. Manifestam-se sob a forma de pressão arterial alta, hiperventilação, tristeza, dissociação (fuga da realidade), suores frios, sensação de sufoco, medo ou raiva excessivos, entre outros. Em linhas gerais, os gatilhos são aqueles que geram emoções prejudiciais para o indivíduo e podem ocorrer devido a crenças, valores, experiências de vida passadas. Uma simples palavra pode ser um gatilho que evoque, por exemplo, uma memória extremamente dolorosa.
Entre os gatilhos emocionais mais comuns temos a religião, o trauma e a preservação do ego.
Quando questionam as nossas crenças, a âncora das nossas vidas e o que temos como sagrado, sentimo-nos inseguros e ameaçados porque estão a pôr em causa a nossa verdade. É sem surpresas que a religião é um dos temas mais fraturantes da História da Humanidade. 
Quando falamos em trauma, muitos se lembram de experiências de stress pós traumático, como as que soldados vindos da guerra têm vivido. Associamos o gatilho aos nossos sentidos: pode ser a visão, audição, gosto ou olfato. Por exemplo uma mulher que era espancada pelo marido alcoólico, pode reviver os maus tratos sempre que sente o cheiro a bebida.
Por último, temos o ego, o nosso sentido de "eu", a identidade artificial frágil composta de pensamentos, valores culturais, estruturas de crenças, que nos permite enquadrar na sociedade. O ego tenta proteger-nos a todo o custo e quando nos magoam ou desafiam a sua estabilidade, a tendência é retaliar ou tentar controlar os danos. 
Através do autoconhecimento e trabalho interior, é possível identificar os seus gatilhos emocionais e gerir melhor os nossos comportamentos. Estar consciente do que nos causa sofrimento e mal-estar, evita que sejamos escravos das nossas emoções e forças negativas do nosso subconsciente, favorecendo a qualidade das nossas relações no seu todo.
Para controlar os seus gatilhos emocionais é importante:
 1) Estar atento às suas reações corporais, desde as mais extremas às mais subtis que podem incluir tensão muscular, palpitações, contração no peito, etc.
2) Reparar nos pensamentos que tem, sobretudo a pontos de vista muito polarizados. Tenha em conta que muitas coisas não são completamente más nem boas e há muitos tons intermédios entre o preto e o branco.
3) Perceba quem ou o quê despertou esse gatilho. A maioria das pessoas têm uma série de coisas que a podem incomodar profundamente. Ter em mente aquilo que não suporta é extremamente importante para poder afastar-se de pessoas ou situações tóxicas no futuro.
4) Trace uma cronologia que lhe permita identificar o que aconteceu quando sentiu esse gatilho emocional ser puxado dentro de si. O que estava a fazer, o que estava a pensar, que tipo de dia estava a ter... Isso irá permitir-lhe ver tudo com mais distanciamento e clareza.
5) Por último mas não menos importante, tenha em conta as suas necessidades insatisfeitas, como amor, aceitação, autonomia, consistência, sensação de controlo… Analise as necessidades mais prementes que precisa  de concretizar e absorva essas emoções, para depois conseguir racionalizar de forma apurada quando algo testar os seus gatilhos. 


Foto retirada de: https://unsplash.com/photos/rXrMy7mXUEs

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