Real women have curves, Ansiedade & IU
O mês de Abril está no início e o ditado Abril águas mil parece aplicar-se na perfeição. Dias em que podemos aproveitar para ver mais filmes, ler mais livros e ouvir mais músicas.
Esta é a minha sugestão cultural para este mês:
Filme: "Real women have curves" (2002)_ Realizado por Patricia Cardoso, a partir de uma peça de Josefina López, "Real women have curves" aborda a vida de Ana Garcia, uma estudante descendente de mexicanos, que vive em Beverly Hills e acaba de concluir o ensino secundário. Encorajada pelo professor Mr. Guzman a candidatar-se à Universidade devido ao seu bom desempenho, Ana responde-lhe que não tem condições financeiras para tal, ao que ele contrapõe para tentar uma bolsa de estudo.
No seio familiar, Ana enfrenta choques culturais: uma mãe muito tradicional que acredita que o papel da mulher é ser sobretudo esposa e mãe, a pobreza e falta de perspetivas de ascensão social. A irmã mais velha, Estela, é responsável por uma fábrica de têxteis e Ana concorda em ajudá-la, ao passar os vestidos confecionados a ferro.
Ao longo do filme, acompanhamos a jornada de Ana para afirmar a sua identidade e perceber o que quer para o seu futuro. Vimos que a Ana não se sente inferiorizada pela sua condição feminina ou por não encaixar em determinados ideais de beleza (ser alta ou magra, por exemplo). Vemos Ana a explorar um relacionamento com o sexo oposto e cada vez a ter mais autoconfiança e a abraçar a sua feminilidade. Este filme independente foi muito marcante para mim por isso mesmo: por mostrar de forma verosímil uma realidade que é muitas vezes menosprezada.
De salientar os excelentes desempenhos de todos os atores, a começar pela protagonista America Ferrera (que viria a confirmar mais tarde todo o seu valor) nesta película memorável.
Livro: "Ansiedade: Como enfrentar o mal do século" (2013) de Augusto Cury_ Já li diversos livros do médico psiquiatra, escritor e professor brasileiro Augusto Cury e este foi sem dúvida um dos que mais me impactou. Li-o numa altura em que me sentia particularmente ansiosa, de tal ordem que começava a condicionar o meu dia-a-dia e foi realmente fascinante ler sobre toda a experiência clínica e reflexões do autor sobre o assunto.
À medida que temos cada vez mais informação e dispositivos disponíveis, ficamos cada vez com níveis mais altos de stress, ansiedade e pouca resistência à frustração. Temos dificuldade em selecionar e filtrar conhecimento, somos impacientes e irritáveis, perdemos a capacidade de ter espírito crítico e embotamos a criatividade. É sobre tudo isto que fala o doutor Augusto Cury: de memórias traumáticas, da importância de nos reconstruirmos face ao que nos faz desmoronar, tornando arborizados e agradáveis os bairros mais inóspitos da nossa mente. Fala ainda de acreditarmos na possibilidade de triunfar sobre as adversidades, de nutrir esperança e de usar as dores e derrotas como aprendizagem que nos permitirá ser pessoas melhores e mais completas.
"Ansiedade: Como enfrentar o mal do século" foi um livro que me fez pensar, que me agarrou desde a primeira página e me tranquilizou porque me fez entender que não estou sozinha nem nos meus momentos de felicidade nem nos de tristeza. Fez-me entender que é preciso desenvolver o dom da coragem pois como muito bem diz Augusto Cury "Quem vence sem riscos triunfa sem dignidade".
Música: IU "Lilac" (2021)_ Lançado a 25 de Março deste ano, esta é a última proposta discográfica da popular cantora e compositora sul-coreana IU, conhecida afetuosamente como a irmãzinha da Coreia.
Artista profissional desde os 15 anos de idade, IU mostra aos 27 uma maturidade a todos os níveis que se reflete em faixas de sonoridade fresca e melódica e muito bem interpretadas.
A artista apresenta este como o último disco da sua década dos vinte. "Na linguagem das flores, lilac significa memórias de juventude. Eu queria incluir uma despedida com uma mensagem de que agora estou a ir em frente no meu próximo capítulo ao mesmo tempo que cumprimento aos meus 30's que estão para vir. Eu queria chegar aos meus trinta como uma tábula rasa".
Destaque para as belíssimas "Celebrity", "Hi spring Bye", "Empty cup", "My sea" e "Epilogue", neste que é simultaneamente um disco de adeus e de recomeço para a inesquecível IU.
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