The last days of Left Eye
Lisa Lopes, nascida a 27 de Maio de 1971 e falecida a 25 de Abril de 2002 era uma talentosa artista norte-americana que fazia parte do trio feminino de grande sucesso TLC e que se estava a lançar também a solo com o álbum "Supernova" (2001).
"The last days of Left Eye" um tipo de documentário diferente na medida em que consiste na sua maioria em vídeos caseiros sem uma produção elaborada. Este documentário mostra-nos os últimos dias de Lisa, num retiro espiritual nas Honduras, até nos deixar com apenas 30 anos de idade, em consequência de um acidente de viação.
A artista tinha feito um dueto com Melanie C "Never be the same again", que chegou ao topo das tabelas musicais em 35 países e com o grupo musical masculino NSYNC em "Space cowboy", do disco de grande sucesso "No strings attached".
Lisa cresceu com um pai que descreveu como extremamente rígido, um sargento do exército americano, o que explica em parte, porque se rebelou contra uma educação com a qual não se identificava. Entrou no cenário musical muito cedo, tendo formado o seu primeiro trio, The Lopes Kids, aos 10 anos de idade. Anos depois, pós receber um elogio relativamente ao seu olho esquerdo, decide usar o olho direito tapado e realçar o esquerdo com um piercing, adotando o nickname de "Left eye". Viveu uma relação muito turbulenta com o atleta Andre Rison, de forma intermitente durante sete anos, sendo que um dos episódios mais mediáticos da sua vida pessoal foi quando deitou fogo às sapatilhas do jogador, que rapidamente se alastrou na mansão onde viviam. Na altura, Lisa foi condenada a cinco anos em regime probatório e a pagar uma multa de 10 mil dólares. Lisa começa também a fazer terapia para tratar os seus problemas de alcoolismo, na medida em que costumava beber muito desde a adolescência.
Através da visualização do documentário "The last days of Left eye" podemos conhecer melhor a carreira e sobretudo a vida interior da artista e retirar algumas conclusões importantes:
Lisa era uma pessoa profundamente espiritual e um dos seus lemas era "A energia nunca morre… apenas se transforma". Acreditava em numerologia, numa alimentação saudável e à base de plantas, bebia regularmente seivas vegetais, fazia yoga e meditava.
Era uma das grandes forças criativas das TLC, com incomensuráveis capacidades como rapper, cantora, compositora, designer de roupas, contribuidora de ideias para videoclips e para a arte final das capas dos trabalhos do trio.
Lisa era uma mentora, tendo estabelecido a Left Eye Productions para nutrir, desenvolver e promover novos talentos, como o grupo feminino Blaque. Era uma pessoa extremamente generosa, que na altura da sua morte estava a construir dois centros educacionais nas Honduras para proporcionar aos jovens sem oportunidades uma melhor qualidade de vida. Depois da sua morte, foi estabelecida pela sua família a Lisa Lopes Foundation.
A amizade com Tionne Waltkins (T-Boz) e Rozonda Thomas (Chilli) das TLC era real e Lisa apelidava-as de irmãs, dizendo que podiam ocasionalmente discutir mas que gostavam muito umas das outras.
Para além dos problemas com o álcool, Lisa tinha vivido anos de intensa frustração e instabilidade emocional, mutilando-se no braço ao escrever com lâminas a palavra hate "ódio" e depois "love" (amor). Usava várias tatuagens para se disfarçar cicatrizes e sobretudo, expressar-se criativamente.
O documentário assume a forma de um diário, em que a cada dia Lisa expõe factos da sua vida, do seu passado, pensamentos, estados de humor, esperanças e sonhos. Cada momento é pungente, uma vez que sabemos como tudo vai acabar. Lisa começa a acreditar, através da sua intuição que está a ser perseguida por um espírito. Duas semanas antes de morrer, a sua assistente atropela acidentalmente uma criança no veiculo em que seguiam, o que deixa a artista extremamente perturbada.
Ao 27º dia de gravação (previa-se um total de 30 dias), Lisa Lopes sofre um acidente fatal ao tentar desviar-se de outra viatura na estrada. O momento foi registado em câmara. Teve morte imediata, resultado de diversos traumatismos cranianos. Foi a única passageira do veículo a perder a vida.
Depois da sua morte foi lançado o álbum honorário "Eye legacy" (2009), ficando ainda por completar um segundo disco "N.I.N.A" (2002).
Apesar do estilo de filmagem amador em muitas das partes, que nos dá uma sensação de voyeurismo, por vezes, este não deve ser encarado como um documentário lúgubre mas apelar à preservação do legado e à celebração da curta vida de uma mulher que era uma explosão de energia, de calor humano e talento chamada Lisa Nicole Lopes.
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