Neurociências, Psicologia Evolutiva e Gratidão na prática com Flávia Melissa



Hoje tive a oportunidade de assistir a duas lives da psicóloga, educadora emocional e criadora do Portal Despertar, Flávia Melissa, cujo trabalho acompanho com muito agrado há alguns anos. 
As sessões, que estão disponíveis no seu canal de Youtube, IGTV e Telegram, aludem ao que significa realmente a gratidão, que mais que uma vibração passageira, é fundamentada na ciência. 
Flávia começa por contar a sua experiência pessoal de que era fácil sentir gratidão quando tudo estava a correr bem mas quando os problemas surgiam tentava negociar com o Universo, como aliás quase todas as pessoas, ainda que inconscientemente, fazem.
Nem sempre é fácil agarrar-nos à sensação de gratidão. Flávia Melissa aconselha a encarar as dificuldades como oportunidades para traçar um caminho melhor, para nutrir coragem, empatia e auto-compaixão. 
Tudo se explica a partir do estudo do nosso cérebro, do sistema nervoso e estruturas do tronco cerebral que se divide em cérebro reptiliano (focado em preservar a vida e na segurança), sistema límbico (onde está a parte emocional e neurocortex, o último a desenvolver-se nos bípedes, a camada superior que busca a conexão. Assim, podemos dizer que todos temos um bocadinho de largatixa, cachorro e macaco. 
Surgem-nos quatro emoções base: alegria, tristeza, medo e raiva, com a amígdala e hipocampo envolvidos nas sensações de prazer e satisfação. 
Muitas das nossas emoções, comportamentos, tendências, pensamentos e sobretudo ansiedade em que vivemos se relacionam com mecanismos adaptativos para preservar a vida no passado, em que se inclui a necessidade de pertença à tribo. 
Quando há uma activação constante do sistema nervoso simpático, o corpo reage como se estivesse numa situação luta ou fuga. Para além do pensamento cartesiano que busca resposta para os traumas da pessoa na infância, há características comuns a todos os seres humanos, como que tijolos de casa, em que temos de reconhecer a nossa predisposição bioquímica e que muitas das nossas questões (ansiedade, sofrimento com a nossa auto-imagem, baixa auto-estima, etc) podem ser trabalhadas em contexto clínico mas também foram outrora funcionais quando vivíamos em pequenos grupos de grupos nómadas que tinham de enfrentar o perigo de um animal selvagem. 
A gratidão trata-se de reconhecer algo positivo de uma forma abrangente, as dádivas que as outras pessoas ou a vida nos dá, outra posição ou estado de espírito. Todas as pessoas sentem as mesmas coisas, por este ou outro motivo e todos queremos ser amados e reconhecidos. 
Uma característica muito importante do cérebro é a neuroplasticidade, a capacidade de aprender coisas novas em comunhão com o que nos cerca, fazer com que os neurónios dispararem juntos em novos circuitos até que se estabeleçam quase em piloto automático, fruto da regeneração celular.
No fundo o cérebro tem um mapa profundamente atrasado com possibilidades que existem ou não, pois era importante estar sempre preparado para qualquer embate de forma a passar carga genética. Era funcional esta característica defensiva, adaptativa. Quando o stress fisiológico é desmesurado, que se verifica no aumento da produção de adrenalina, cortisol e glândulas supra renais, torna-se tóxico, podendo trazer consigo doenças degenerativas e mentais. 
Acabamos por ter um viés negativo, focamos-nos mais nas coisas que nos colocam em perigo ou são negativo do que nas sensações agradáveis e positivas.
Para tornar-se mais grato(a), Flávia Melissa deixa-nos três dicas:

  • Tente trazer experiências benéficas para o seu sistema nervoso, mantenha essa sensação de gratidão durante pelo menos 10 segundos, treine essa perspectiva positiva e repita as vezes necessárias.
  • Expanda essa sensação pelo seu corpo, através de uma visualização criativa, uma manifestação intencional, sorria dentro dos órgãos do seu corpo.
  • Valorize essa experiência, respire nela, preste atenção e faça uma âncora, em que a tenta preservar a todo custo, tornando-a o mais sensorial possível. 

Como tal, pode transformar qualquer experiência em algo produtivo e construtivo porque uma vida com mais gratidão é também uma vida com mais felicidade.

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