Reflexo




Não preciso mais de ruído. Não preciso mais de silêncio. Não preciso de nada que não seja o odor das rosas, a espuma dos dias, o que me inspira e me nutre, de dentro para fora, como uma planta.
Não preciso mais de ter pressa. Não preciso mais de ter calma. Nada de que o mundo dita significa o que quer que seja. Só preciso dos sonhos de infância, dos olhos grandes e inocentes, de uma realidade mais organizada e feliz.
Não quero mais o que não tenho, não aprecio mais o desassossego de testemunhar a partida sem saber a data de volta. Ou se haverá regresso de todo. 
Não quero mais girar desequilibrada e instável como um pião, sem saber o que dizer ou o que fazer. Não quero a solidão de precisar de companhia, de não me bastar a mim própria.
Não preciso de me sentir frágil como cristal. Não preciso de me sentir forte o tempo todo. Ser vulnerável às vezes é a maior conquista. Não preciso de estar sempre certa e tremer de medo de estar errada. Não preciso de sinais exteriores de riqueza nem de sucesso.
Não quero a admiração de subalternos ou a inveja de abutres. Não quero ter ouro a revestir a minha casa. Só preciso das coisas simples, do bater do meu coração, de um sorriso, de ter coragem, de inspirar e expirar continuamente por estes altos e baixos a que chamam vida. 

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