Paralisada
É como se diferentes forças me puxassem em direcções contrárias. Sou uma só mas é como se fosse feita de variadíssimas dimensões que contribuem para uma sensação crescente de inquietude, de não conseguir realizar os meus propósitos com facilidade. Mas nada que realmente vale a pena é fácil, não é verdade?
Bebo um chá, divago e sinto que me disperso nos milhões de pensamentos não filtrados que assolam a minha consciência. Tantas oportunidades, tantos caminhos e tanta indecisão quando se trata de enveredar por um deles. Há um termo para este comportamento na Psicologia, chama-se de paralisia de escolha.
De súbito, temos à nossa disposição mais do que julgávamos ser alguma vez possível e reparamos que isso não nos traz a alegria e preenchimento que pensaríamos que trouxesse.
O que é preciso para que uma pessoa se cumpra verdadeiramente? As respostas devem variar de pessoa para pessoa, de acordo com os seus objectivos, daquilo que estabelecem como prioridades de vida, do que esperam vir a alcançar.
O primeiro passo é encontrar tranquilidade nas coisas simples. Aquele chá que estou a beber, aquele livro que estou a ler e que me vai ensinar algo de valioso, as páginas que escrevo, os meus sonhos e aspirações.
É difícil explicar a inactividade, a vontade excessiva de nos protegermos contra o que percepcionamos como ameaças do mundo exterior. É pior quando se junta a desmotivação e prazer nas actividades quotidianas a que gostávamos de nos dedicar.
A nossa visão determina como nos sentimos, se vemos os nossos dias como oásis ou como desertos. Importa ter autenticidade e capacidade de discernir o que realmente é importante e nos faz bem. Cuidar do coração, para que aos poucos possamos voltar a um ritmo normal, vencer a lassidão e dormência porque a vida está em contínuo movimento.
Que mesmo no silêncio e na quietude, possamos nunca parar e que vejamos que o valor da vida não se mede pela produtividade mas pela forma como nos comportamos, como fazemos as coisas e mudamos a realidade ao nosso redor à medida que nós próprios mudamos. Como a mais bela borboleta, como o ser humano cheio de talentos e potencialidades que somos.
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