O que são gravações master?



Ouvi este termo pela primeira vez aquando do lançamento do oitavo álbum de estúdio de Rihanna "Anti" (2016), no contexto de que agora a artista tinha direito, contratualmente, às suas gravações master. Não consegui discernir bem a importância deste facto, o que me levou a pesquisar sobre o assunto.
Em linhas gerais, uma master é uma gravação original, uma espécie de molde, que depois da masterização (passo final na prós produção de áudio), permite fazer cópias. As masters podem ser feitas em discos, cassetes ou estar em armazenamento de dados de computador.
As masters podem adquirir muito valor, especialmente se o artista se tornar popular. Muitas delas estão na posse de editoras discográficas mas há artistas que também têm a opção de as comprar mais tarde. As gravações podem ser remasterizadas para copiá-las para outro formato ou fazê-las soar melhor. As gravações digitais permitem aperfeiçoar a qualidade sonora de gravações mais antigas e analógicas.



Recentemente a questão das masters voltou a estar na ordem do dia, quando a cantora e compositora norte-americana Taylor Swift deixou a editora discográfica Big Machine Records e assinou contrato com a Republic Records. Taylor, que lançou em Agosto do ano passado o seu sétimo álbum "Lover", alega que não teve a oportunidade de comprar as masters dos seus trabalhos anteriores: "Taylor Swift" (2006), "Fearless"(2008), "Speak now" (2010), "Red" (2012), "1989" (2014) e "Reputation" (2017). Mais ainda: Taylor diz que só lhe foi dada a possibilidade de aquirir um master a cada novo trabalho que entregasse à editora. Depois de sair da mesma, o católogo da Big Machine Records de Scott Borchetta foi adquirido por Scooter Braun, que Taylor descreve como uma pessoa que sempre a antagonizou e de quem sofreu bullying no passado. Taylor Swift precisou da permissão da antiga editora para interpretar sucessos anteriores na última cerimónia dos American Music Awards e para utilizar alguns dos seus sucessos emblemáticos no seu  documentário da Netflix "Miss americana". 
A partir de Novembro deste ano, Taylor tem a opção de regravar os seus últimos cinco álbuns e mostra-se muito entusiasmada com essa perpetiva, dizendo que está ansiosa por isso. Taylor já possui as masters de "Lover" e diz que este contrato foi elaborado em pressupostos muito mais saudáveis.
Segundo notícias recentemente divulgadas pela Billboard, o catálogo de Taylor Swift duplicou de valor, desde a compra por Scooter Braun, perfazendo actualmente cerca de 400 a 500 milhões de dólares americanos.
Um artista que possui as suas gravações master tem controlo criativo e é livre de lançar a sua música pela via e canal que entender. Assim, tem muito mais autonomia e independência financeira.
Ao ter a propriedade das masters, o valor de direitos de autor é vitalício e liberdade que tende a ser muito superior a quaisquer avanços financeiros que a editora possa fazer. 
No final de contas, entre uma editora discográfica e um artista que passa a ser tratado como um produto, tudo se processa em transacções comerciais. É importante que o artista pense no que se irá ganhar (marketing, promoção, possibilidade de sair em tourné) e pesá-lo na balança com a possibilidade de perder direitos sobre as gravações.



A opção de regravar os dois primeiros álbuns de estúdio foi tomada recentemente pela cantora norte-americana Jojo, catapultada para o estrelato pelos êxitos "Leave (get out)" e "Too little too late".
Depois de vencer uma penosa batalha judicial contra a antiga editora discográfica, Blackground Records, que apesar de defunta se recusava a libertá-la do seu contrato, Jojo estava insatisfeita por não ver os seus dois primeiros trabalhos "Jojo" (2004) e "The high road" (2006) nas plataformas de streaming pelo que decidiu regravá-los bem com os singles "Disaster" e "Demonstrate", de forma a recuperar os seus direitos sobre as masters e para que os outros compositores pudessem receber a sua percentagem de royalties. Esta alternativa é possível pois ao fim de determinado período sobre a gravação original, é possível fazer um álbum de covers da mesma.
Jojo fundou a sua própria editora discográfica, Clover music, com um acordo de distribuição com a Warner e prepara-se para lançar nesta Primavera o seu mais recente trabalho "Good to know". 
A artista afirma ter recuperado o investimento financeiro que fez nas regravações em menos de quatro meses e mostra-se muito feliz pelos resultados que lhe permitem, depois de muito sofrimento e luta, assumir o controlo e mudar a sua narrativa pessoal e profissional.










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