Breathin



Às vezes olhamos para o ponto em que estamos na nossa vida e percebemos que nos desiludimos a nós próprios, que não fomos tão longe quanto podíamos. As conquistas empalidecem para dar lugar à fadiga física e mental, ao desgaste e até ao aborrecimento e monotonia. 
Nos dias negros analisamos tudo ao mínimo detalhe, confundimos o que deveria ser simples e claro, não conseguimos distinguir o que é verdadeiro, real, orgânico do que é falso, imaginário e fabricado. É nesses dias maus que mais precisamos de quem nos dê a mão e que entenda aquilo por que estamos a passar. Alguém que pura e simplesmente nos tire um pouco da nossa própria cabeça, que abrande a galopada veloz do mundo, que nos faça mais sãos e lúcidos.
No mundo abundam coisas e pessoas que não nos fazem bem e nem sempre conseguimos evitá-las, às vezes somos atraídas por elas como a tentação de fixar o abismo. Nem todos os sentimentos desagradáveis podem ser medicados, não conseguimos controlar todos os acontecimentos tristes que presenciamos diariamente e no entanto podemos escolher reagir e não paralisar as nossas almas.
Enquanto o sangue correr nas nossas veias, temos a capacidade de viver um dia de cada vez, de contar as nossas bênçãos, de recordar histórias antigas em que ainda habita um bocadinho de nós mas olhar com esperança as histórias novas, em que vive tudo aquilo que somos agora. De respirar mais profundamente, de ser mais, com a certeza de que conseguimos fazer tudo de uma forma mais interessante e produtiva e de amar com intensidade renovada se em primeiro lugar nos virmos ternamente a nós mesmos e depositarmos amor em cada célula do nosso corpo. Aí, não teremos mais a sensação de ter os pulmões a pesarem toneladas, de ter todo um universo nos nossos ombros. Veremos tudo com a curiosidade de uma criança, teremos a leveza de uma pena e a alegria de quem fantasia o tempo todo. De para quem viver em si já é um sonho.





Comentários

Mensagens populares deste blogue

O talento de Mira

As cicatrizes das famosas

A história de Marla