Joan Didion: The center will not hold



O documentário "Joan Didion: The center will not hold" lançado na Netflix a 27 de Outubro de 2017, assenta na vida e obra da escritora norte-americana Joan Didion. Realizado pelo seu sobrinho Griffin Dunne, o trabalho mostra-nos a autora a viver em Nova Iorque, falando abertamente sobre as suas experiências, conquistas e desafios por que passou.
Joan Didion é natural de Sacramento, onde nasceu a 5 de Dezembro de 1934 e ficou conhecida por escrever ficção, peças e trabalhos auto-biográficos, como "Play as it lays", "Slouching towards Bethlehem", "A book of common prayer", "The white album", "The year of magical thinking" (pelo qual venceu o National Book Award for Nonfiction) e "Blue Nights".
Com um olhar acutilante sobre a sociedade e cultura americanas, Didion escreveu para vários jornais e revistas sobre tudo o que observava, nomeadamente o nascimento e apogeu do movimento hippie. Foi casada com o também escritor John Gregory Dunne com quem viveu vinte anos na California. Adoptou a sua filha Quintana em 1966.
No documentário, Joan Didion mostra-se franca e directa, recordando os seus inícios na escrita quando ainda era uma criança de tenra idade e de como concebeu algumas das suas obras mais famosas que têm temas como o caos, a desintegração da sociedade ou a fragmentação do eu.
O documentário recorda também o período delicado de dois anos em que Joan Didion perdeu o marido (no dia 30 de Dezembro de 2003, vítima de ataque cardíaco) e a filha Quintana (em 26 de Agosto de 2005). Quintana já estava hospitalizada quando o pai morreu, em coma devido a um choque séptico provocado por uma pneumonia. Depois de se recuperar, a filha de Joan Didion dá uma queda aparatosa no aeroporto, acabando por falecer de pancreatite aguda aos 39 anos de idade. A escritora canaliza então energias para as suas obras: "The year of magical thinking" (que adaptou ao teatro numa peça protagonizada por Vanessa Redgrave) lida com o desaparecimento do marido e "Blue nights" com o de Quintana. 
Em "The center will not hold" vemos que Joan Didion, apesar de ser idosa (tem 83 anos) e de ter um aspecto frágil é dotada de uma enorme força interior, determinação e talento que fazem com que o seu trabalho continue a brilhar depois de muitas décadas de escrita. Através dela, Joan Didion faz a catarse da sua dor e de tudo aquilo que considera sem ordem ou sentido e constrói um mundo rico e pleno de significado.



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