As primeiras contrariedades do ano

Dizem que as provações são testes à nossa fé, à nossa força, resiliência e capacidade de superação. De facto, é relativamente fácil manter uma postura optimista quando tudo nos corre de feição mas quando os problemas surgem as coisas complicam-se e podemos deixar-nos ir abaixo ou manter a cabeça à tona da água. Com isto quero dizer que temos a escolha de pensar que a má sorte vai durar para sempre ou fazer por encarar cada revés como algo temporário, que nos pode vergar durante uns instantes mas não nos vai partir.
Passei um fim de semana difícil. O meu cão começou a andar cabisbaixo e sem energia, com o focinho inchado de lado e no Sábado quando vomitou um líquido amarelo, levei-o ao veterinário. Depois de umas análises ao sangue em que dois valores estavam bastante alterados (um deles tão elevado que nem podia ser medido), a médica concluiu que ele devia ter uma lesão no fígado e disse que o melhor era ficar internado até hoje à tarde.
Foram dois dias de muita solidão e, por vezes, agonia. Um animal enche a casa, dá alegria, é uma companhia, é um amigo que ouve, que nos acarinha e apenas não fala. Sentimos-lhe muito a falta, o coração andava apertado e a tristeza era evidente nas nossas caras. O Romeu é mais que um cão, é um membro da família, por tudo o que nos deu durante os quase doze anos em que já vive connosco.
Hoje fui-o buscar e assim que me viu chegar fez uma festa, em grande agitação. Devia ter feito uma ecografia para despistar a hipótese de ter um tumor mas estava muito nervoso, pelo que ficou para amanhã. Agora está refastelado no sofá a descansar, depois de ter comido um paté especial para doenças hepáticas com vários comprimidos. Esperamos que se recupere bem e que as próximas notícias sejam boas.
Que ilações posso tirar deste episódio? Por agora poucas ou nenhumas, apenas que a preocupação é uma constante e o medo de perder o meu cão nunca desaparecerá porque a uma idade considerável e esta lesão no fígado, soma um sopro no coração definido pela veterinária como "enorme".
São contrariedades próprias da vida e seria contra-natura esperar que o ano novo só me trouxesse coisas boas sem problemas, testes ou provações. Mas como se costuma dizer, são coisas que nos moem, trazem ansiedade e roubam energia. 
Tudo está bem quando acaba bem e fazemos votos para que a história do Romeu se prolongue ainda durante muitos anos.


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