Os objectivos e as redes sociais
Aproximamos-nos do final do ano e com ele vêm as promessas de que em 2018 tudo será diferente e que tudo (ou quase tudo) irá mudar. Se Setembro é encarado por muitos como um novo recomeço, em Janeiro tentamos fazer tábua rasa de fracassos anteriores e enchemos-nos de optimismo, de resoluções novinhas em folha que juramos cumprir obstinadamente. Bem sabemos que o número de inscrições no ginásio, por exemplo, aumenta exponencialmente neste mês e a maioria acaba em desistências poucos meses depois.
É interessante pensar nos objectivos que traçamos para a nossa vida nesta era de redes sociais. Se sempre nos comparámos aos outros desde que o mundo é mundo, agora temos tendência a efectuar essas comparações relativamente a pessoas que nem sequer conhecemos, cujas vidas só acompanhamos através de uma tela de computador ou de telemóvel. Não conhecemos o modo como editam e filtram o conteúdo das suas vidas para partilhar online, pouco sabemos de quem são na realidade.
O perigoso não é queremos estar no nosso melhor no mundo cibernético, o perigoso é tomar o todo pela parte e achar que as coisas são assim o tempo todo (sorrisos rasgados, viagens à volta do mundo, momentos românticos, etc). Afinal ninguém é feliz sempre.
Quando pensamos em objectivos resultantes de comparação social é importante termos em conta que se as redes sociais são um espelho da realidade, não são o espelho mais ou menos fidedigno das nossas casas de banho: aproximam-se mais do espelho distorcido das feiras. Há tanto que acontece que não se mostra e a vida é feita não só do que é bom mas do que nos parte o coração.
Devemos querer um objectivo por si só, pelo que poderia representar nas nossas vidas e não porque vemos fotos numa base diária. Podemos pensar que seriamos mais felizes com uma barriga lisa, com viagens patrocinadas pelo globo ou com um namorado que nos desse provas de amor constantes. Em parte, isto pode até ser verdade. Mas, temos de olhar para dentro de nós e ver o que realmente precisamos. Não será suficiente aspirar a um corpo saudável, a viagens esporádicas mas significativas (quando a situação financeira assim o permite) e a uma relação amorosa que não seja perfeita mas verdadeira?
A ideia para esta entrada surgiu da foto que apresento abaixo da actriz norte-americana Bella Thorne com o seu namorado da altura, o também actor Gregg Sulkin, que logo foi inundada com a etiqueta "objectivos" na rede social Instagram.
Ninguém pode negar o poder da Internet e em particular das redes sociais neste tempo de imediatismo e de febre por mais cliques. Uma simples foto pode afectar-nos interiormente, fazendo-nos sorrir instantaneamente ou mergulhar num ciclo de tristeza e auto-comiseração. Os efeitos que esta constante comparação tem nos cérebros humanos ainda está a ser estudado mas uma coisa é certa: é tempo de tomarmos as rédeas das nossas vidas nas mãos, observarmos com ponderação estes retratos filtrados que as redes sociais nos oferecem e estarmos conscientes da nossa pegada digital que acaba por ser o nosso espólio.
O impacto que cada um de nós tem na sociedade é variável mas se a nossa pegada digital for apenas uma nota de rodapé nas margens do mundo, que a possamos tornar uma nota de rodapé bonita, não no exterior, mas cheia de amor, compreensão pelos outros seres humanos e entendimento.
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