Lições que aprendi ao passear o meu cão
Passear o meu cão, que já conta com onze anos, cataratas na vista e problemas cardíacos é um dos momentos mais prazerosos e revitalizantes do meu quotidiano, um hábito consolidado que ajuda a que sinta desde logo alegria e vontade de enfrentar os desafios que me esperam ao longo do dia.
Queria falar de três lições que retirei dos meus passeios com o meu cão que se aplicam perfeitamente à vida de todos nós. De certa forma, acaba por ser o pretexto ideal para abordar novamente os conceitos de estar consciente, ter foco e saber que a única constante da vida é a mudança.
Quando estou a caminhar, sei que o faço pelo meu cão, para que ele pratique um pouco de actividade física e gaste energia mas também o faço por mim. É um momento em que sou apenas eu, as ruas da minha vila e o meu querido animal de estimação. Posso apenas descomprimir, entregue aos meus pensamentos ou apenas a observá-los nem perseguir nenhum deles activamente, num estado de permanente descoberta, de alívio, de bem-estar. Estou dedicada aqueles minutos na natureza, sem o computador, sem o telemóvel, sem nada que me distraia da missão de colocar o máximo de mim naquele pequeno gesto. Assim, tenho mais consciência de mim do que nunca, consigo identificar padrões de raciocínio que me estão a servir ou que me estão a bloquear e estabelecer intenções positivas para a minha jornada.
É importante estar sempre focada, em cada passo que tomo. O cão que me calhou em sorte é muito activo e nervoso, faz uma força enorme na trela e se eu não estiver atenta, facilmente se desvia do rumo traçado por mim, quer por eventualmente se tentar atirar a outros cães ou lançar-se para atravessar uma rua no meio do trânsito. Como tal, tenho de ser sempre responsável e estar vigilante. Na vida, também é essencial mantermos-nos focados, sabermos distinguir o que é prioritário do acessório e estabelecermos o que precisamos de fazer para nos sentirmos realizado, senão alguém acabará inevitavelmente por escolher por nós. Exercitar a mente para trabalhar a nosso favor é o expoente desta visão bem focada.
Por último, ser flexível e adaptar-me à mudança. Nenhum passeio é exactamente igual ao anterior, acontecem sempre imprevistos como ter de ir pelo outro lado da rua para evitar-me cruzar com um cão ameaçador. Não podemos desejar que a vida se mantenha sempre constante, temos de contar com surpresas, desvios de percurso, com ter de alterar os nossos planos por causa deste ou daquele motivo. É aí que a nossa capacidade de nos reinventar-nos entra em cena e temos a oportunidade de criar, uma versão melhorada de nós mesmas. Aquela que aprendeu com todas as lições do caminho que é não é mais do que o somatório das experiências da nossa vida.
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