Aula gratuita com Flávia Melissa "Os segredos e os desafios do despertar" Parte II
Para começarmos a despertar verdadeiramente a nossa consciência, Flávia Melissa aconselha-nos a aceitação irrestrita daquilo que se é. O maior poder está no momento presente, sendo que a mente tem tendência a viajar no tempo num vaivém entre o passado e o futuro.
Possivelmente devido aos nossos primórdios, o ser humano antecipa perigos e sofre com o que não aconteceu ainda. Para a psicóloga e educadora emocional, esperar sempre o pior pode ser um fruto da Psicologia Evolutiva, um fenómeno adaptativo. Esperamos por uma felicidade de contos de fadas, pelo corpo, relacionamento ou casa perfeita e esquecemos que o agora é para ser vivido e tem algo especial para nos dar. Para tal é preciso praticar a não vitimização, não elaborar dramas que não acrescentam nada de bom às nossas vidas e aprender a usar as nossas ferramentas interiores para fazer perguntas mais criativas. Um exemplo é quando estamos a passar por uma situação difícil em vez de perguntarmos "Porquê eu?" interrogarmos-nos "O que tenho a aprender com isto?", de forma a nos tornarmos seres humanos melhores.
O segundo passo para despertar é a auto-responsabilidade, ou seja, resistir ao impulso de empolar uma visão pessimista da vida e assumirmos-nos como o seu pivot central e sentir poder nas escolhas que podemos fazer. Tal implica analisar crenças profundas que nos podem estar a limitar e tentar perceber os padrões dos nossos maiores medos e inseguranças. O que ganhamos em ficar na mesma posição e em não mudarmos quando nos sentimos insatisfeitos ou mesmo infelizes? Flávia Melissa acredita que há benefícios secundários na inacção, como a segurança de ficar restrito numa zona de conforto, que sabotam a nossa capacidade de transformação. É ao confrontá-los de forma honesta que podemos ver melhor os papeis que assumimos a nível pessoal e societal e o que realmente precisamos.
Flávia Melissa ilustra o nosso estado interior com o modelo de três círculos concêntricos do ovo: gema, clara e casca. O eu, a gema, é a nossa essência verdadeira, autêntica, espontânea, que em regra tem confiança na vida. Ao longo do desenvolvimento das nossas competências sociais em crianças descobrimos que a nossa curiosidade nem sempre é bem-vinda e criamos uma camada de protecção. Esta segunda camada, a clara, é a vulnerabilidade ferida pelo choque ou pela vergonha e reúne ressentimentos, mágoa, rejeição ou inveja; emoções consideradas de baixa vibração. A terceira camada, a casca, diz respeito à nossa identidade em relação com a auto-imagem, é uma camada marcadamente de protecção em que adoptamos determinados comportamentos por causa de tudo o que vivemos dentro das camadas anteriores.
Por vezes somos como uma panela de pressão com muitas coisas, tanto produtivas como destrutivas, a que não sabemos dar vazão. Para estarmos no nosso centro de forma consciente temos de encarar frontalmente todo o leque de emoções que nos invade e não querer ir do nada ao tudo.
Não reprimir o que sentimos e assumir a total responsabilidade pelos nossos actos são dois passos importantes para uma vida mais consciente, plena e feliz.
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