De repente já nos trinta



O título desta entrada é inspirado na comédia romântica do mesmo nome com a adorável Jennifer Garner. Quando foi lançada em 2004 eu estava ainda no ensino secundário e os trinta pareciam-me muito distantes, quase como uma miragem na neblina e sim, devo admitir, ter trinta anos para mim era já ser velho. Acompanhei o enredo desta película com muito interesse e pensei que ter esta idade equivalia a já ser muito crescida: ter um emprego estável, viver numa cidade grande, ter o próprio apartamento, um conjugue ou então um namorado fixo há um par de anos, enfim, toda uma vida nos eixos. Na minha cabeça de adolescente o tempo que ia demorar até lá era mais do que suficiente para isso e muito mais.
Fiz trinta anos no dia 5 de Agosto deste mês e a verdade é que sinto que a década anterior, apesar de não ter passado propriamente num ápice, também não me deu tempo suficiente para realizar todas as coisas que julgo necessárias para ter uma vida feliz. E não, ter trinta anos não é de modo algum ser velho, é apenas tentar vestir a pele de adulto mais seriamente do que possamos ter feito até então.
Ao longo dos últimos anos fiz e consolidei amizades e também perdi algumas, vi colegas casarem e terem filhos, vivi momentos muito alegres e outros francamente decepcionantes mas acima de tudo, aprendi que a vida não é um sprint, é uma corrida de fundo, uma maratona. Não importa cortar a meta final mas sim a jornada que fazemos até lá, por mais cliché que possa soar. Não podemos comparar-nos com os outros nem tentar agradar a toda a gente, ambos são processos que não fazem bem nem levam a lado nenhum. Mais importante do que ter é ser, se nos focarmos nas pessoas e não nas coisas materiais abriremos horizontes e veremos que afinal as nossas necessidades são mais pequenas do que poderíamos pensar, que a vida se mede pela riqueza das nossas experiências e não pelo extracto da nossa conta bancária. 
Viver é uma aprendizagem contínua, é surpreendente e imprevisível e por isso tão cheia de emoções renovadas. É importante sentir gratidão em cada ano que sopramos as velas do nosso aniversário: pela nossa saúde, pela nossa família, pelos nossos amigos, pelos nossos projectos e sonhos. São eles que nos sustentam, que tornam a vida mais leve quando parecemos carregar o mundo inteiro nos ombros, que nos motivam e que, em última instância, nos fazem sentir vivos. Que venha mais uma década e que seja repleta de descobertas, de momentos indescritíveis e de coragem porque se é preciso ter paciência e manter a calma muitas vezes, também é preciso avançar a despeito dos nossos medos e abrir caminho para o tesouro que está mais próximo do que julgamos: no nosso interior. 



Comentários

Mensagens populares deste blogue

O talento de Mira

As cicatrizes das famosas

A história de Marla