Ausência
Não podemos estar em dois sítios ao mesmo tempo. Temos de fazer escolhas, hierarquizar, em última análise, abdicar de algo para priorizar outra componente da nossa realidade. Por vezes essa alternância simplesmente flui, não pensamos muito nela, simplesmente acontece e fecha-se uma porta sem dar muita atenção a esse assunto. Mas, noutras é um processo incrivelmente doloroso, especialmente quando não sabemos ao certo em que lugar devemos estar.
O tempo passa, tudo gira e se move, mas por vezes ficamos como que estagnados, a ser como um tanque que contém sempre a mesma água, em vez de revitalizar, de transbordar as margens estabelecidas rigidamente para nós. Por vezes sentimos crescer em nós heras e ervas daninhas em vez de bonitas flores ou folhas, fortificadas por uma boa raiz.
Sabemos que mesmo os projectos e planos mais sólidos podem desmoronar-se como castelos de cartas, que até as armaduras mais impenetráveis podem revelar fragilidades... Então porque insistimos em usar máscaras diariamente e em aparentar ser mais fortes do que somos ou do que nos sentimos?
Quando estamos ausentes sabemos que quem mais precisa de nós nos sente a falta e ansiamos por voltar. Por ficar como que inebriados a matar as saudades dos bons velhos tempos, a estabelecer ligações mais profundas, como adolescentes que dialogam pela madrugada fora, sem pensar muito no amanhã. Os pensamentos ficam como que subterrados pelas sensações, que agradáveis ou estranhas, são completamente nossas e ninguém pode roubar de nós.
Sentimos-nos culpados por aquilo que negligenciamos, por não cuidarmos do que é suposto, por não dizermos a palavra na altura certa, por não termos a acção correcta no momento exacto. No entanto, às vezes as ausências são necessárias para que o regresso nos encha o coração, para que faça mais sentido do que nunca, para que possamos compreender a magnitude de todas as coisas que nos são concedidas, para que sejamos mais abnegados e menos egoístas, para que sejamos mais Eu quando nos perdermos no Outro. É por isso que importa saber paragens ao longo do percurso, para reflectir e tomar fôlego porque a voracidade da vida sabe bem tomar-nos a respiração. Depois é continuar a escalada até onde o ar é mais rarefeito, as vontades mais fortes, as ilusões mais puras, os sonhos mais lindos e mais nossos do que alguma vez foram.
Quando estamos ausentes sabemos que quem mais precisa de nós nos sente a falta e ansiamos por voltar. Por ficar como que inebriados a matar as saudades dos bons velhos tempos, a estabelecer ligações mais profundas, como adolescentes que dialogam pela madrugada fora, sem pensar muito no amanhã. Os pensamentos ficam como que subterrados pelas sensações, que agradáveis ou estranhas, são completamente nossas e ninguém pode roubar de nós.
Sentimos-nos culpados por aquilo que negligenciamos, por não cuidarmos do que é suposto, por não dizermos a palavra na altura certa, por não termos a acção correcta no momento exacto. No entanto, às vezes as ausências são necessárias para que o regresso nos encha o coração, para que faça mais sentido do que nunca, para que possamos compreender a magnitude de todas as coisas que nos são concedidas, para que sejamos mais abnegados e menos egoístas, para que sejamos mais Eu quando nos perdermos no Outro. É por isso que importa saber paragens ao longo do percurso, para reflectir e tomar fôlego porque a voracidade da vida sabe bem tomar-nos a respiração. Depois é continuar a escalada até onde o ar é mais rarefeito, as vontades mais fortes, as ilusões mais puras, os sonhos mais lindos e mais nossos do que alguma vez foram.
Imagem retirada de: https://wallpaperscraft.com |
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