A verdade de comunicar

Comunicar é viver. Discurso e silêncio têm ambos o seu valor e são, como postulou a Escola de Palo Alto, de igual modo, mensagem.
Vivemos num conjunto de matizes complexas, de luz e sombra. As notícias são janelas a partir das quais vemos o mundo. Porém, as notícias não são um espelho completamente fiel da realidade, são uma construção social do jornalista que recolhe informação, a selecciona e organiza segundo os seus critérios. 
Na análise da mensagem entra em acção o significante (imagem acústica ou gráfica de uma palavra) e o significado (o seu conceito). A imagem tem de transmitir algo coerente assim como as palavras; tem de contar uma boa estória.
Neste contexto vendo pelo prisma negativo a comunicação dos dias de hoje pode-se falar de parcialidade, distorção e até manipulação do chamado Quarto Poder. O modo como nos posicionamos jornalisticamente denota o nosso carácter. O jornalista deve evitar ser tendencioso, ir sempre apenas no sentido da ideologia dominante. Os planos de uma câmera podem dar a sensação de um espaço vazio ou repleto, de alguém de estatura alta ou baixa.
É preciso ir além do menu uniformizado que os media massificados nos dão e personalizar os nossos conteúdos porque estes vão permear-nos, nós vamos mudar com eles. O que consumimos, seja na alimentação ou na informação torna-se inevitavelmente parte de nós. 
A informação importa mais do que nunca mas o imediatismo, a pressão para vencer os constrangimentos do tempo faz com que se perca a dimensão de enquadramento histórico, o consumo omnívoro e sem foco de conteúdos não suscita a necessária análise e reflexão.
A luta desenfreada por ser o primeiro a dar a notícia, o favorecimento da quantidade informativa em detrimento da qualidade são em última análise contra-producentes. 
A nossa percepção da realidade é determinada pelo tratamento do que constitui notícia e da relação do jornalismo com o poder e como se estrutura na vida social e política de um Estado. 
Para compreender os media, há que pensar pela própria cabeça e exercitar a capacidade crítica, receitas essenciais para gerir todo o manancial de informação que hoje recebemos.
Na era do cidadão todos podemos ter o nosso tempo de antena: em redes sociais ou em blogs. Podemos escrever, filmar, editar, cantar, falar sobre os mais diversos temas desde feminismos, dicas de beleza ou como fazer penteados. É vital utilizar este espaço pessoal para falar de temas fracturantes da sociedade que tantas vezes varremos para debaixo do tapete. O cidadão não é jornalista mas pode intervir em moldes distintos e comunicar. 
Comunicamos numa tentativa de expressar os nossos ideias e pensamentos e, em última análise, de persuadir. Talvez seja impossível não sermos manipulados mas ao termos consciência que nos transmitem mensagens como comida empacotada saberemos conferir-lhe o nosso próprio sentido e é isso de que se trata: dar o nosso cunho pessoal ao que absorvemos, tendo uma experiência enriquecedora e verdadeiramente transformadora.

Imagem retirada de: https://youtechassociates.com/4798-2/

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