O poder da fé
Nas últimas semanas tenho sido parada na rua por testemunhas de Jeová o que me fez reflectir sobre as coisas que fazemos para transmitir a nossa fé aos outros e na minha própria relação com Deus,
Desde tempos idos que tentámos impor a nossa religião quer pela força (de que são exemplo as Cruzadas) ou através da palavra (como as obras missionárias, que continuam vivas nos dias de hoje).
Conviver com pessoas de outras religiões como testemunhas de Jeová e muçulmanos faz-me ter a certeza de que a minha curiosidade sobre o que é diferente de mim se mantém acesa e que são mais as nossas semelhanças do que aquilo que nos separa. Afinal todos queremos saber se há uma consciência superior amorosa que nos observa, o que acontece depois da morte e se há vida eterna.
Considero que a fé é um fenómeno interior quase mágico, sente-se mas é muito difícil ou quase impossível de explicar, é pessoal e intransmissível mas podemos sempre partilhar (com gentileza e sem tentar impor) os nossos pontos de vista. Afinal, todas as culturas se enriquecem com esse intercâmbio.
Se o amor move montanhas, acreditar em Deus pode produzir as maiores transformações interiores e realizar pequenos milagres. Não sabemos o que nos faz assimilar uma doutrina e concordar com ela. No meu caso particular, não concordo com tudo que a Igreja Católica Apostólica Romana dita mas na sua essência creio que vai de encontro ao que a minha alma me sussurra, aos meus pensamentos e necessidades. Porque a fé não é uma caixa finita e limitada, deve ser algo feito à medida de Deus, que se adapte a nós e onde caibam todos os sonhos do mundo.
As imagens que ilustram esta entrada são do mais recente vídeo da cantora Lady Gaga, "Million reasons" que a mostram no início no deserto, mentalmente à deriva e depois nos camarins, com uma angústia de quem se vê a si mesma, sem maquilhagem e outros artifícios. À medida que se prepara, a artista recebe um invólucro misterioso e no final é revelado o seu conteúdo: é um terço, enviado pela sua irmã. A fé anda assim de mãos dadas com a família, um dos pilares estruturantes da nossa identidade. Rezar é uma forma de conversar, de encontrar quietude num mundo barulhento em que tantas vezes se fala demasiado. Rezar é retornar àquilo que é quase inato de tão simples e no entanto exige todo o nosso coração e presença consciente naquele momento. Tenho uma Bíblia e um terço em casa, apesar de não lhe dar tanto uso como gostaria. Ver a imagem de um terço recorda-me da minha avó que o rezava diariamente, acreditando em cada sílaba que pronunciava. Porque a chave é só uma: acreditar de verdade e aplicar os ensinamentos que se recebem continuamente, à vida de todos os dias.
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